sexta-feira, 12 de agosto de 2011

A morte (e nascimento) de Marina


"...Marina parece que acordou com um estalo. Olhou em volta procurando o que estava diferente. Algo havia mudado. Parecia que tinha acordado de um coma profundo. Quem era aquela que habitava o seu corpo?
Mal conseguia lembrar quem realmente era. Sentimento estranho. Sentia que o tempo havia passado, mas sua cabeça ainda vivia alguns anos atrás. Teria vivido no modo automático?
Ela, que era fã de boas bebidas e ótimos homens, não se reconhecia. Levantou foi ao banheiro e se olhou no espelho. Ficou alguns minutos analisando seu rosto. Estava mais velha e os cabelos não eram mais tão brilhosos assim. Maldade do tempo.
Lembrou que existia alguém. Sempre tem um homem por trás das histórias. As fotos que eram minhas, agora são nossas. Os meus amigos se transformaram em nossos amigos. E aquela saudade não abandonava seu peito.
Tentava entender o que aconteceu com os dias. Eles passaram e ela não percebeu. Um dia não é nada. Dia após dia é sua vida. Tinha deixado a liberdade escorrer entre os dedos. Quando se é livre uma vez não se acostuma a ser presa, dizia ela, mas agora estava mudada.
Pensava no antes: noitadas, álcool, sexo e drogas. Tudo se transformou em trabalho, casa, jantar e televisão.
A loucura gargalhava no ouvido de Marina e a rotina engoliu o bom senso. Mesmo com a vida tranquila e o namorado perfeito ela sentia as vezes falta do passado.
Chegou em casa procurando a sua garrafa de Romanéé Conti e só achou coca-cola.
Sentiu um braço entrelaçando a cintura e um beijo no pescoço. Foi naquele momento que percebeu que os seus desejos ilusórios encontraram as verdades que não gostava de dizer.
A Marina, aquela destemida que tanto se orgulhava, havia morrido. No seu lugar estava uma mulher determinada a encarar a rotina diária de um relacionamento e vencer a constante luta com das perdições mundanas, estava uma mulher que amava um homem, e por ele todas as mudanças haviam sido feitas."

Nenhum comentário:

Postar um comentário