segunda-feira, 29 de abril de 2013

Namore uma garota que lê ( by Rosemarie Urquico)


Namore uma garota que gasta seu dinheiro em livros, em vez de roupas. Ela também tem problemas com o espaço do armário, mas é só porque tem livros demais. Namore uma garota que tem uma lista de livros que quer ler e que possui seu cartão de biblioteca desde os doze anos.
Encontre uma garota que lê. Você sabe que ela lê porque ela sempre vai ter um livro não lido na bolsa. Ela é aquela que olha amorosamente para as prateleiras da livraria, a única que surta (ainda que em silêncio) quando encontra o livro que quer. Você está vendo uma garota estranha cheirar as páginas de um livro antigo em um sebo? Essa é a leitora. Nunca resiste a cheirar as páginas, especialmente quando ficaram amarelas.
Ela é a garota que lê enquanto espera em um Café na rua. Se você espiar sua xícara, verá que a espuma do leite ainda flutua por sobre a bebida, porque ela está absorta. Perdida em um mundo criado pelo autor. Sente-se. Se quiser ela pode vê-lo de relance, porque a maior parte das garotas que leem não gosta de ser interrompidas. Pergunte se ela está gostando do livro.
Compre para ela outra xícara de café.
Diga o que realmente pensa sobre o Murakami. Descubra se ela foi além do primeiro capítulo da Irmandade. Entenda que, se ela diz que compreendeu o Ulisses de James Joyce, é só para parecer inteligente. Pergunte se ela gostaria de ser a Alice.
É fácil namorar uma garota que lê. Ofereça livros no aniversário dela, no Natal e em comemorações de namoro. Ofereça o dom das palavras na poesia, na música. Ofereça Neruda, Sexton Pound, E. E. Cummings. Deixe que ela saiba que você entende que as palavras são amor. Entenda que ela sabe a diferença entre os livros e a realidade, mas, juro por Deus, ela vai tentar fazer com que a vida se pareça um pouco como seu livro favorito. E se ela conseguir não será por sua causa.
É que ela tem que arriscar, de alguma forma.
Trate de desiludi-la. Porque uma garota que lê sabe que o fracasso leva sempre ao clímax. Essas garotas sabem que todas as coisas chegam ao fim. E que sempre se pode escrever uma continuação. E que você pode começar outra vez e de novo, e continuar a ser o herói. E que na vida é preciso haver um vilão ou dois.
Por que ter medo de tudo o que você não é? As garotas que leem sabem que as pessoas, tal como as personagens, evoluem.
Se você encontrar uma garota que leia, é melhor mantê-la por perto. Quando encontrá-la acordada às duas da manhã, chorando e apertando um livro contra o peito, prepare uma xícara de chá e abrace-a. Você pode perdê-la por um par de horas, mas ela sempre vai voltar para você. E falará como se as personagens do livro fossem reais – até porque, durante algum tempo, são mesmo.
Você tem de se declarar a ela em um balão de ar quente. Ou durante um show de rock. Ou, casualmente, na próxima vez que ela estiver doente. Ou pelo Skype.
Você vai sorrir tanto que acabará por se perguntar por que é que o seu coração ainda não explodiu e espalhou sangue por todo o peito. Vocês escreverão a história das suas vidas, terão crianças com nomes estranhos e gostos mais estranhos ainda. Ela vai apresentar os seus filhos ao Gato do Chapéu e a Aslam, talvez no mesmo dia. Vão atravessar juntos os invernos de suas velhices, e ela recitará Keats, num sussurro, enquanto você sacode a neve das botas.
Namore uma garota que lê porque você merece. Merece uma garota que pode te dar a vida mais colorida que você puder imaginar. Se você só puder oferecer-lhe monotonia, horas requentadas e propostas meia-boca, então estará melhor sozinho. Mas se quiser o mundo, e outros mundos além, namore uma garota que lê.

Ou, melhor ainda, namore uma garota que escreve...

Tão mágico...tão eu em cada linha...


sábado, 27 de abril de 2013


“...Hoje a tristeza
Não é passageira
Hoje fiquei com febre
A tarde inteira
E quando chegar a noite
Cada estrela
Parecerá uma lágrima...

Queria ser como os outros
E rir das desgraças da vida
Ou fingir estar sempre bem
Ver a leveza
Das coisas com humor...

Mas não me diga isso...

É só hoje e isso passa
Só me deixe aqui quieto
Isso passa
Amanhã é um outro dia
Não é?

Eu nem sei porque
Me sinto assim
Vem de repente um anjo
Triste perto de mim...

E essa febre que não passa
E meu sorriso sem graça
Não me dê atenção
Mas obrigado
Por pensar em mim...

Quando tudo está perdido
Eu me sinto tão sozinho
Quando tudo está perdido
Não quero mais ser
Quem eu sou...”

Legião Urbana

Ela abraçava forte o livro contra o peito. A tarde já estava indo embora e o vento frio de outono brincava com seus cabelos trançados. Ela caminhava silenciosa sobre as folhas amarelas caídas das arvores. O cenário lhe dava nostalgia.
Há sempre um dedo de poesia nas tarde de outono, ela sentia isso quando caminhava por ali. Existe um pouco de tristeza escondida nas folhas mortas, nos troncos das arvores se preparando pra mais um inverno rigoroso, nas pessoas escondidas do vento, talvez somente seu coração se sentisse assim, talvez por isso se sentisse só, ninguém compartilhava com ela a harmonia de uma tarde de outono.
Apertou mais forte o livro contra o peito. Gostaria de estar dentro dele naquele momento. Ali poderia ser a princesa dragão, a rainha traída, a Mãe, a Donzela, O guerreiro, poderia ser a espada da manhã, o guardião da muralha, o corvo dos três olhos, poderia ser o que quisesse desde que vivesse dentro daquele livro. Poderia tentar lê-lo em voz alta, quem sabe tivesse o dom de se transportar para dentro da história. Talvez...
Gostava das tardes de outono, mas sentia falta de algo, parecia não fazer parte daquele cenário, como uma figura pintada no quadro errado. Como um personagem perdido no conto que não lhe pertencia.
Dobrou uma esquina e escutou o apito de um trem. A estação estava perto dali.
A alguns outonos atrás gostava de ficar sentada na estação criando histórias pra cada pessoa que ali passava, sobre suas viagens, seus segredos, em sua imaginação alguns deles eram detetives disfarçados atrás de um grande mistério, alguma mãe indo se encontrar com o filho perdido... suspirou.

_ Eu poderia ser uma história...

E com esse pensamento dobrou os quarteirões caminhando contra o vento, parou em frente ao guichê de passagens.

_ Uma passagem, por favor.
_ Para onde senhorita?

Tirou os trocados do bolso.

_ Pra onde eu possa pagar.

O vendedor a encarou por uns minutos, sorriu com o canto dos lábios.
_ Suponho que seja apenas de ida. Seu trem sai nesse exato momento. Deve se apressar.

Ele entregou sua passagem e o dinheiro que ela havia lhe dado. Diante do seu olhar questionador. Ele disse:
_ Rápido doce Alice, não vai querer perder seu trem, sua história começará sem você se isso acontecer.

Ela guardou o dinheiro agradeceu e correu pela estação embarcando em um trem qualquer.
Sentou-se na janela, abriu seu caderno de colégio, arrancou as fórmulas de matemática, a história de seus antepassados, as conjunções adverbiais de tempo e lugar, não ia mais precisar de matérias escolares, era ela quem faria, a partir de agora, suas fórmulas, suas histórias, seus pronomes, pegou sua caneta especial e começou:

“Em uma nostálgica tarde de outono ela se lembrou de quem era, se agarrou aos seus sonhos e percebeu que seu caminho deveria ser outro. Juntou sua coragem e seu livro embarcando em um trem que um estranho lhe indicou...”


Para que servem os anjos? 
A felicidade mora aqui comigo 
Até segunda ordem...”
Legião Urbana

quarta-feira, 24 de abril de 2013

Dia 23 de Abril - Dia Mundial do Livro


...E na biblioteca eu percebi a imensidão do mundo.
Tinha tudo ao meu alcance, todas as ideias, as histórias, as aventuras, as mentiras, o passado e o futuro, o amor e o ódio, o perigo e o crime, mas muita felicidade a cada palavra impressa nas páginas de cada livro.

E esse mundo me fascinou.
Depois disso, nunca mais quis sair dali...”

(Autor desconhecido que conhece bem cada um de nós, leitores.)


sexta-feira, 12 de abril de 2013

*♥*22 meses:O amor é outra coisa*♥*


Nós tivemos dias de sol, dias de chuva. Frios, quentes, mornos. Tempestades, tornados, calmarias, furacões...tivemos noites estreladas caminhando pelas ruas de uma cidade qualquer, e dias de chuva correndo apressados pra chegar em casa e nos secar.
Eu mentiria se dissesse que nossos 22 meses estiveram repletos de dias fáceis. Na verdade, tivemos dias bem difíceis, dias que caminhamos na beira do abismo sem olhar pra baixo e um passo em falso nos faria cair e nunca mais nos encontraríamos novamente, mas talvez, eu sempre soubesse que nosso amor seria assim, um misto de loucura e normalidade, de ferocidade e calmaria.
Não sei definir o amor, ainda mais o meu amor por você, na teoria deveria ser uma coisa bela, magnifica, que faz nossa respiração parar, nosso coração acelerar, nos faria flutuar, mas como diz o “Velhas Virgens”: O amor é outra coisa. Mas que coisa seria essa? Talvez, se a gente durar mais um tempão nesse mundo, e a velhice bater em nossa porta a gente possa decifrar o que é o verdadeiro amor.
O que eu posso te garantir hoje, e que a gente tá aí vivendo uma coisa bem legal, a gente tá vivendo nossas brigas e frustações e vivendo nossa amizade e carinho. A gente anda aprendendo que o silêncio é a melhor arma contra o mau humor e respeitando o silêncio do outro. Aprendendo a ouvir e amadurecer quando é necessário. Aprendendo que o mundo não vai acabar porque eu não posso te ver esse final de semana, e aprendendo a dar mais valor nos momentos em que estamos juntos. Aprendendo a acordar antes das oito todo dia pra te desejar bom dia antes de você ir trabalhar e ir deitar mais cedo pra gente poder conversar sobre como foi o nosso dia. Aprendendo que somos reais e humanos, e não príncipes e princesas encantados, que somos diferentes e que erramos muitas vezes, mas perdoar também é humano e a gente aprende cada dia um pouco mais dessa técnica. Aprendendo que dizer “eu te amo” nunca é demais, seja pelo celular, em redes sociais ou no pé do seu ouvido, essa frase não tem um estoque que pode acabar a qualquer momento, é ilimitado e você pode dizer quantas vezes quiser e sentir vontade. Aprendendo que tem muita gente invejosa nesse mundo e o que a gente pode fazer e rir na cara delas e fazer toda energia que chega até nós se transformar em mais amor. Aprendendo que a gente tem capacidade de cuidar de um gatinho. E que o “Amar pra sempre” é um tanto efêmero, pode acabar hoje ou amanha, mas que a gente não precisa ter medo disso, a gente tá aí, caminhando de mãos dadas, seguindo juntos, e se um dia o “pra sempre” acabar, só nos resta ter aproveitado cada momento hoje.

Obrigada por esses 22 meses!
Bons ventos para nós sempre.

Serendipity.

Te amo

quarta-feira, 3 de abril de 2013


“...No fim tu hás de ver que as coisas mais leves são as únicas
que o vento não conseguiu levar:
um estribilho antigo
um carinho no momento preciso
o folhear de um livro de poemas
o cheiro que tinha um dia o próprio vento...”

Mario Quintana