quinta-feira, 27 de outubro de 2011

(...) Alice nesse ponto calou-se um tanto assustada, ao ouvir algo que lhe lembrava do resfolegar de uma locomotiva a vapor perto deles no bosque.

“É só o Rei Vermelho roncando”, disse Tweedledee.

“Com que será que ele sonha?”, disse Tweedledum.

Alice respondeu: “Isso ninguém pode saber.”.

“Ora com você!” Tweedledee exclamou, batendo palmas triunfante. “E se parasse de sonhar com você, onde acha que estaria?”

“Onde estou agora é claro” respondeu Alice.

“Não, não1” Tweedledee retrucou, desdenhoso. “Não estaria em lugar algum. Ora você é só uma espécie de coisa do sonho dele!”

“E se o rei acordasse”, acrescentou Tweedledum, “você sumiria... Puff... Exatamente como uma vela!”.

“Não sumiria” Alice exclamou indignada.

“Você sabe muito bem que não é real”, disse Tweedledum.

“EU SOU REAL!” gritou Alice e começou a chorar.

“Não vai ficar um pingo mais real chorando”, observou Tweedledee.

“Se eu não fosse real”, disse Alice, meio rindo por entre as lagrimas, tão absurdo aquilo tudo parecia, “não conseguiria chorar”.

“Espero que não imagine que suas lagrimas são reais!” Tweedledum interrompeu-a, num tom de profundo desdém.

Trecho retirado do livro Alice através do espelho

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