quinta-feira, 2 de junho de 2011

Na fronteira entre o bem e o mal - PARTE 1




Quando a princesa abriu os olhos e se viu carregada por um demônio, seu pequeno
coração começou a bater mais rápido. “Seria esse o meu fim?” pensou ela.

Para começarmos a história corretamente, havia um mundo muito muito muito distante, habitado por demônios e anjos, fadas e duendes, dragões e diabos, onde seres mitológicos passeavam calmamente por suas florestas e o bem era separado do mal. Nesse mundo havia dois grandes reinos, o Reino das Trevas, habitado por criaturas obscuras, praticantes de magia negra, criaturas da noite sombrias que escondiam suas faces no negrume que nunca sumia, lá não havia luz, existia apenas a escuridão. E o Reino da Luz, habitado por criaturas mágicas do bem, eram criaturas de luz cintilante, com sentimentos bons, praticavam magia branca e estavam sempre em sintonia com a natureza e com o universo, lá era um lugar de luz onde a escuridão jamais poderia entrar.

O Reino das Trevas era habitado por crituras sem compaixão, destinadas a fazer o mal e a manter o mundo em guerra e destruição sempre. Dragões, diabos e demônios compunham as raças de criaturas mais malígnas e temidas desse reino. Eram criaturas mortas, podres por dentro.
Dragões, muitos dragões cromáticos cortavam a escuridão dos céus com um forte bater de asas e rugidos de estremecer qualquer criatura viva nesse universo, eram os ‘Demônios dos Céus’. Criaturas solitárias, malignas, agressivas e sórdidas, sem compaixão até mesmo com seus semelhantes dracônicos, costumavam atacar mesmo quando não provocados, por puro prazer. Predadores bestiais e astutos. Gananciosos e excepcionalmente arrogantes, qualidade que se refletia em suas posturas imponentes e expressões de desdém.
Diabos, os flagelos do universo. Abissais que apreciavam aterrorizar os seres mais fracos e atacar criaturas boas apenas para obter troféus. Os mais poderosos ocupavam – se com planos para acumular poder, destruir civilizações e inflingir sofrimento a seres de Luz. Envolvidos por uma aura de medo, que utilizavam para dispersar grupos poderosos e derrotar os inimigos individualmente. Famosos por sua força, seu temperamento maligno e sua organização cruelmente eficiente.
Quanto aos demônios, esses sim, esses eram os seres mais temidos de todo o Universo. Raça de criaturas nativa das Trevas, a personificação da ferocidade. Atacavam qualquer criatura por simples prazer - até mesmo outros demônios. Gostavam de aterrorizar suas vítimas antes de matá-las e muitas vezes devoravam os cadáveres. Vários demônios, insatisfeitos com a sua própria perversidade, divertiam-se seduzindo criaturas de luz a se tornar tão depravadas quanto eles.

O Reino da Luz era completamente o oposto ao Reino das Trevas. Reino habitado por criaturas de uma compaixão inigualável, nascidas para o bem. Anjos, fadas e por incrível que pareça dragões. Seres que emanavam uma luz incrível e uma sensação de paz inexplicável para aqueles que estavam próximos.
Os anjos eram, sem sombra de dúvidas, os seres mais belos e perfeitos desse reino. O extremo oposto aos demônios, os únicos seres no universo que não os temiam e eram capazes de enfrentá-los em combate de igual pra igual. Completamente imbuídos de bondade em cada fibra de seus corpos e almas. Inimigos naturais dos demônios e diabos. Nunca mentiam, trapaceavam ou roubavam e sua honra era impecável em tudo o que faziam.
As fadas eram seres tranqüilos, que só abandonavam seus lares para combater o mal, corrigir ausência de beleza no mundo e proteger seu território. Seres que só morriam em função de doenças mágicas muito poderosas ou ferimentos graves.
Devem estar se perguntando sobre os dragões, como assim era possível a existência de dragões no Reino da Luz? Pois sim, existiam muitos dragões. Os dragões metálicos constituíam o ramo bondoso da sociedade dracônica, porém podiam ser tão agressivos quanto seus parentes malignos caso fossem ameaçados por criaturas das Trevas. Criaturas graciosas, sinuosas e de vasta sabedoria. Odiavam qualquer tipo de injustiça ou trapaça e assumiam cruzadas pessoais para promover o bem. Auxiliavam com satisfação qualquer criatura bondosa que realmente precisasse.

Entre todos esses seres mágicos iremos dar destaque especial a dois, que serão os personagens principais da nossa história. É com eles que perceberemos como mundos diferentes e destinos opostos não são capazes de interferir e nem lutar com a força de um amor verdadeiro.

No Reino da Luz havia um ser, o mais raro que esse mundo já ouviu falar. Ele aparece no mundo somente a cada dois milênios para reinar e governar o Reino da Luz. Uma borboleta rosa tão bela e perfeita que superava os anjos em tudo. Asas num tom único de rosa com detalhes negros imponentes e belos, detalhes tão ricos que pareciam entalhados a mão. Era cativante, doce, tinha uma voz encantadora e seus olhos pareciam duas estrelas, aqueles que tinham o prazer de olhar dentro deles entravam em estado de transe, uma sensação de paz e bondade acima da encontrada em qualquer coisa no Reino da Luz. A luz que ela emanava era mais intensa do que a de qualquer outra coisa no Reino. Não era branca como a dos outros seres, tinha um tom de rosa suave e passava uma sensação de calma e tranqüilidade aos que olhavam. Essa era a Princesa Borboleta do Reino da Luz, o ser mais raro, belo e cheio de luz que esse universo já ouviu falar.

No Reino das Trevas, como já disse antes, era o habitat de uma grande quantidade de demônios, as criaturas mais perversas do universo. Entre eles, havia um cujo nome era Abigor, demônio que comandava 60 legiões infernais montado em seu dragão grande ancião, tinha a capacidade de prever o futuro, além de ser conhecedor de todos os segredos da arte de guerrear. Carregava sempre consigo uma lança, estandarte ou cetro. Abigor era um jovem de beleza encantadora e única, o que o diferenciava de todos os outros demônios era seu corpo humano e sua alma, ele era o único demônio capaz de ter sentimentos de justiça e honra. Abigor era temido e odiado, amado e desprezado, tinha o dom da escrita e da fala, um corpo e um poder de sedução, seus olhos na lua cheia eram como tochas acesas ao luar, sabia convencer melhor que qualquer um, conta a lenda que no dia do juízo final e da Batalha entre os dois reinos, Abigor derrubará muitos anjos e seres benevolentes, podendo se tornar o senhor dos dois mundos. O que ninguém sabia no entanto, era que Abigor além de sua beleza rara conservava em seu peito um demônio encantador, sublime, que questionava a razão da escuridão e da luz, que questionava o poder de um ser supremo entre os dois mundos. Ele era um ser além de tudo que se ouviu falar.

Em um dia quente de primavera no Reino da Luz, a princesa Borboleta estava silenciosa em seu castelo, uma dor em seu coração latejava, havia meses que estava tendo o mesmo sonho, sonhava com um moço encantador montado em um dragão, sentia seus braços em volta dela, e no momento em que ia olhar em seus olhos acordava. A princesa se sentia sozinha, já conhecerá todos os jovens daquele reino e nenhum nem se quer chegava aos pés da beleza do ser de seus sonhos, aquilo a incomodava, lembrava do campo de flores a algumas léguas distantes dali, lembrava que aquele era o lugar de seus sonhos, mas a Borboleta sabia ser lá um lugar proibido pra ela e pra todos os seres de luz, lá era a Fronteira com o Reino das Trevas, muitos demônios lá estavam para caçar seres de luz desavisados que se aventuravam por aquele misterioso lugar, mas a Borboleta sabia que o lugar de seus sonhos só podia ser essa Fronteira. Levantando decidida ela resolveu arriscar, seu coração gritava de desespero, era preciso acalmá-lo, era preciso encontrar o jovem de seus sonhos. “Serei cautelosa” pensava ela, e saiu do seu castelo rumo à fronteira de seu reino.
Enquanto isso era um dia frio de outono no Reino das Trevas, Abigor voava com seu dragão observando a escuridão reinar em seu mundo, não conseguia tirar da cabeça a luz rosada que invadia seus sonhos a alguns meses, ele acordava sentindo o cheiro de jasmim no ar, e a sensação de paz que aquele sonho lhe causava. Abigor apenas sentia paz em seus sonhos, ele sempre era perturbado por sua visões do futuro, por seus questionamentos sem fim sobre o porque do universo, por senso de justiça, e por sua solidão, nosso Abigor sentia-se só, aquele sonho era a única coisa que trazia alivio para sua alma. De repente algo aconteceu, Abigor sentiu o peito apertar, seu coração doía. Sim, Abigor tinha um coração e uma alma, era um demônio muito especial. Abigor sentia a pontada cada vez mais latejante em seu peito. “A fronteira, algo acontecerá na fronteira dos reinos”. Dominando seu dragão colocou-se a caminho da fronteira, sem saber que aquela decisão mudaria sua vida.

A Borboleta chegou com medo na fronteira, mas seu coração estava ansioso. Quando lá chegou se surpreendeu, aquele era exatamente o lugar do seu sonho, as mesmas flores, o mesmo vazio, nenhum ser sobreviveria a tamanha solidão, por ser uma fronteira entre reinos rivais o ar era pesado, a tensão encontrava-se escondida em cada canto. A Borboleta olhava tudo com temor, “O que estou fazendo aqui - pensava ela - acho que perdi o pouco de juízo que me restava” seu coração gritava no peito, era preciso estar ali. De repente um corvejar de um corvo fez seu coração parar por um minuto e quando ela olhou na direção cinco diabos saiam das sombras, a Borboleta tremia, aquela visão era horrenda, nem em seus piores pesadelos era possível imaginar seres assim tão horripilantes. Quando avistaram a Borboleta eles soltaram risadas guturais, se via o ódio e a maldade estampada em seus olhos, iriam matá-la, mas antes a torturariam até sua luz rosa esgotar. A Borboleta desesperada em um minuto de lucidez saiu voando em disparada procurando abrigo em seu reino, nesse minuto ela escutou os diabos com suas patas de cavalo a alcançarem e uma dor latejante em suas asas a fez cair no chão, perdendo a lucidez...
Abigor estava desesperado, seu coração doía, precisava chegar rápido, ele sentia isso. Fazia o dragão voar em disparada por entre o reino. Quando avistou a fronteira seu coração gelou, uma Borboleta voava desesperada em busca da proteção de seu reino enquanto cinco diabos a perseguiam, de repente um diabo lhe lançou uma boleadeira fazendo a Borboleta cair no chão. Em qualquer outra situação ele não se importaria com o destino da frágil criatura, quem mandou se aventurar na fronteira dos mundos, todos do Reino da Luz sabiam do perigo que lá havia, ela achou o que estava procurando, mas ao ver aquela Borboleta rosa, em perigo seu coração urrou, cravou seu pé com força nas costas de seu dragão que soltou um rugido feroz fazendo estremecer os céus, os diabos olharam assustados. Era Abigor. Eles sabiam da fama de justiça do demônio por isso saíram correndo dali antes que o mesmo soltasse sua fúria sobre eles. Abigor, fez com que o dragão pousasse calmamente próximo a jovem borboleta, ele desceu a passos trôpegos, seu coração estava agitado, “Mas o que esta acontecendo comigo?” pensava ele. Ao se aproximar da criatura, ele abaixou pra tirar as cordas de suas asas, quando o cheiro de jasmim invadiu seu nariz, “Não é possível” enquanto sua mente vagou pelos sonhos, o cheiro de jasmim, a luz rosa, e o rosto da Borboleta rosa, era ela, o ser dos seus sonhos era aquela Borboleta. Sem mais demora, a pegou nos braços, era preciso salva-la, sua luz rosa estava quase apagando, montou em seu dragão e saiu voando novamente. Seu coração finalmente estava paz...

Vemos demônios
Em tudo e em todos
Quando podemos sentir
E vivenciar o divino amar

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