A princesa não sabia o que fazer ao ver aquele ser tão poderoso caindo desacordado em seus braços, começou a se desesperar com tal situação. O que seria dela caso algo acontecesse a Abigor? O que seria daquele pobre ser de luz perdido no coração do Reino das Trevas? Seria eternamente prisioneira da mansão ou, se tentasse sair, seria facilmente capturada e cruelmente assassinada pelos seres das trevas.
E agora? O medo tomou conta de seu corpo, seu coração quase lhe arrancava o peito tão acelerados eram seus batimentos. Vultos começaram a se mover dentro do hall onde ela havia sido curada, sons mais fortes e horríveis agora saiam constantemente dos corredores, como se algo muito ruim se aproximasse. Sem Abigor tudo estava perdido, era o fim, ela segurou o corpo do demônio fortemente entre seus braços e começou a chorar.
_ Por favor acorde...por favor...não me deixe!
Suas lágrimas pareciam gotas de luz escorrendo e diluindo parte da escuridão que a envolvia. As lágrimas escorriam pelo rosto e pingavam sobre o corpo de Abigor, inexplicavelmente cada gota que caía era como se fosse uma pequena explosão de luz no corpo do demônio. As lágrimas escorriam como se fossem carreiras de pólvora queimando incessantemente. A princesa não sabia o porque daquilo, nunca tinha visto tal coisa. Foi quando uma das lágrimas alcançou o rasgo no braço de Abigor, a luz emanada naquele instante foi suficiente para clarear todo o hall, e quanto mais gotas de lágrima alcançavam o ferimento maior era a intensidade da luz, como se o ferimento estivesse em chamas, era algo magnífico. Em poucos minutos a luz cessou e a escuridão voltou a reinar.
De tão espantada e maravilhada com a cena que acabara de presenciar, a princesa nem notou que estava novamente envolta pela escuridão. Queria saber o porque de tudo que tinha acontecido ali naquela noite, por que e como ela havia sido salva com uma magia negra e o que foi aquilo que aconteceu quando suas lágrimas tocaram o corpo de Abigor.
Quando se acalmou e lembrou que estava perdida nas trevas abraçou o corpo do demônio e começou a acariciá-lo. Quando fez isso sentiu algo encostado em seu peito se mover, afastou o corpo e viu que era ele, não estava morto.
_Você está bem!! Obrigada a todos os anjos por tê-lo trazido de volta!
Lágrimas de felicidade inundaram seus olhos, afastou-o de modo a colocar a cabeça dele em seu colo. Ficou acariciando seu rosto e apreciando-o enquanto lentamente ele recobrava a consciência. Ela não estava mais sozinha, era difícil aceitar a verdade, mas ela estava feliz por ter um demônio ao seu lado.
Finalmente Abigor estava de volta, ele acordara nos braços da bela princesa com vagas lembranças do ocorrido. Só tinha uma preocupação em sua cabeça, ele não sabia por quanto tempo tinha ficado desacordado, só sabia que precisava levar a princesa para a fronteira urgentemente, a essa altura diversas criaturas das trevas sabiam que havia um ser de Luz ali e mesmo que ele fosse o grande Abigor, ele não seria capaz de deter sozinho um exército sedento por sangue, ainda mais se soubessem que aquela era a princesa das profecias.
_ Eu estou bem, mas precisamos sair o mais rápido possível daqui. Você corre perigo!
Tentou se levantar rapidamente, mas cambaleou e teve de ser escorado pela princesa, ainda estava muito fraco, mas precisava tirá-la dali. Passou a mão em um manto negro, envelhecido, que cheirava enxofre:
_ Vista isso, não posso correr o risco que vejam você.
Jogando sobre a princesa para escondê-la e saíram rapidamente dali em direção ao dragão.
Ao montar o dragão Abigor logo percebeu vultos se aproximando, cravou os pés no dragão que deu um urro estrondoso e levantou vôo numa velocidade inacreditável. Voaram tão alto a ponto de sair daquela névoa densa e voar acima de tudo.
_ Eles estão atrás de nós! _ ele ouviu a princesa falar com a voz amedrontada.
Foi ai que Abigor teve certeza que outros seres já sabiam da existência de um ser de luz em sua companhia.
_ Fique calma, nada vai lhe acontecer.
Ao saírem daquela névoa densa ele pode ver dezenas de seres horrendos claramente perseguindo seu dragão.
_ Se segure em mim.
Ele segurou a princesa com força em seus braços e apertou mais ainda o dragão que soltou outro urro, ainda mais forte e aumentou a velocidade. Porém não foi o suficiente, aqueles seres estavam alcançando-os rápido de mais, a fronteira dos reinos ainda estava longe e Abigor temia não conseguir alcançá-la a tempo.
O primeiro dos seres grotescos os alcançou, lembrava um dragão, mas parecia um cadáver gigantesco com partes do corpo em putrefação, e começou a atacá-los ferozmente.
_ Se agarre firme em meu corpo! _pediu ele a princesa
Abigor puxou sua lança e com um único golpe perfurou a cabeça do animal que caiu em direção à névoa densa abaixo deles. As outras criaturas logo se aproximaram, animais horrendos e podres, demônios alados, dragões com seus respectivos mestres...
Estavam cercados, mas ele era Abigor e não desistiria tão fácil.
_ Estou com medo!
Abigor viu os olhos temerosos da criatura
_ Escute, preciso que segure com força e independente do que aconteça não pare o dragão até chegar na fronteira. Lá você estará a salvo.
_ Mas e você?
_ Eu ficarei bem.
Ele prendeu a princesa às costas do dragão e pôs-se de pé com dificuldade empunhando firmemente sua lança, o que arrancou gargalhadas daqueles seres das trevas,. Sofria ataques por todos os lados e lutava bravamente, mesmo fraco era como se a batalha trouxesse cada vez mais vigor ao demônio.
Derrubou muitos daqueles que o atacavam, mas eram em um número muito grande e os ataques eram constantes, não cessavam um segundo se quer.
Abigor caiu de joelhos sobre as costas do dragão, a princesa olhou assustada para trás
_ Está ferido! Pare agora!
_ NÃO OLHE PARA TRÁS! SIGA EM FRENTE!!
Foi ai que um demônio lançou uma flecha em direção ao coração de Abigor que num reflexo só teve tempo de levantar o braço esquerdo para se defender. A flecha atingiu em cheio o corte recém fechado e, instantaneamente, foi como se uma bomba tivesse explodido no interior do corpo de Abigor.
Ele soltou um gritou gutural, sentindo todo seu corpo queimar com muita força, a dor tinha sido muito intensa. O corte se abriu e uma luz muito forte saiu de dentro daquele rasgo, era como se todo o interior do demônio agora fosse feito de luz.
A luz dissolveu os demônios que estavam mais próximos e espantou todos aqueles outros que os perseguiam. Novamente o demônio cai desmaiado ao lado da princesa. A essa altura a fronteira já podia ser avistada e ela manteve o rumo até que atravessassem.
"AMA-ME....AINDA HÁ TEMPO..."
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