quarta-feira, 1 de dezembro de 2010


"...Quanta menina bonita, interessante,
inteligente, decidida,
bem resolvida, culta, charmosa,
com atitude, bem sucedida
e mais um monte de atributos chamativos
não está sozinha por aí?
Quanta menina não passa todo santo dia o lápis preto
pra esconder o inchado de quem chora a solidão de todas as noites?
Quanta menina não tem linhas duras no rosto
de quem já teve muitas vezes o seu coração partido?
Uma vez me disseram que a proporção de tristeza em cada menina
estava diretamente ligada com a beleza dela:
quanto mais bonita, mais triste .
Eu achei exagerado e pessimista na época,
mas hoje eu vejo que não é de todo mentira.
Eu vejo que por trás dos bumbuns empinados nas academias badaladas,
também estão mulheres desiludidas com a vida,
incrédulas no amor.
E elas se tornam céticas cada vez mais cedo
e começam a encarar os sentimentos de uma forma masculina
que não lhes cabe,
mas que elas fingem lidar muito bem,
obrigada.
Fingem naturalidade em beijar cinco bocas diferentes numa noite
e não lembrar de rosto nenhum no dia seguinte .
Quanto mais bonitas, mais tristes.
Quanto mais se enfeitam para atrair olhares,
mais olhares vazios elas conseguem.
Vivem numa festa constante e abafam seu choro todo santo dia
porque morrem de medo de ficar sozinhas.
São meninas escondidas em fantasias,
atrás das máscaras que elas encontraram para não serem tão destratadas,
tão machucadas, sempre,
incessante e ininterruptamente .
E lá se vão elas,
lindas e tristes...
Carregando dentro do decote a mentira da fartura de amor.
E a cada vez que elas se pintam pra esconder a verdade,
definham um pouco mais,
vivendo a mentira contada todo santo dia em frente ao espelho.
E lá se vão elas,
lindas e mortas.
Tão triste ter que aceitar a morte de alguém que tem tanta vida pra dar .
Que todas as mulheres do mundo só querem ser feliz eu já sei,
mas existem muitas que agradeceriam muito se pudessem apenas continuar vivas..."

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