sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

2013


"Sabíamos que o fim estava próximo, por isso pusemos tudo num poema, para contar ao universo quem éramos, por que estávamos aqui e o que dizíamos, fazíamos, pensávamos, sonhávamos, desejávamos, embrulhamos nossos sonhos em palavras e moldamos as palavras para que vivêssemos para sempre, inesquecíveis.
Depois enviamos o poema como um padrão de fluxo, para aguardar no coração de uma estrela, emitindo sua mensagem em pulsos, erupções e chiados por todo o espectro eletromagnético. Até que, em mundos a mil sistemas solares dali, o padrão fosse decodificado e lido e se tornasse um poema de novo.
É impossível ouvir um poema sem que ele mude você. Eles o ouviram, e o poema os colonizou, tomou posse deles e os habitou. Os ritmos do poema passaram a fazer parte do modo de pensar deles. Suas imagens transformaram para sempre as metáforas deles. Seus versos, seu modo de ver, suas aspirações se tornaram a vida deles. Depois de uma geração, as crianças já nasciam sabendo o poema, e logo, porque essas coisas são assim, já não nasciam mais crianças. Não havia necessidade delas, não mais. Só havia um poema feito de carne que andava e proliferava por toda a vastidão do conhecido.”

Como conversar com garotas em festas – Neil Gaiman

Que 2013 seja um ano em que o poema recitado fale de paz, fale de compreensão e solidariedade, que seja um ano doce e milagroso.


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