domingo, 20 de novembro de 2011

O Maestro

Essa história se passa em dias próximos ao Natal em uma cidadezinha da velha Inglaterra, usem a imaginação de vocês para saborear cada detalhezinho. Foi escrita por mim num dia de muita tristeza e dor, foi o que conseguiu acalmar meu coração e hoje compartilho com vocês.

Alice




Era uma vez um maestro que no auge do seu sucesso se sentia só;
Em cima dos palcos regia orquestras que de lágrimas enchiam os olhos das pessoas que as assistiam, sua maestria vinha da alma e conseguia dessa maneira tocar as almas dos outros, porém, era no fundo de sua poltrona favorita, tendo aos seus pés seu fiel amigos Rufus, bebendo um cálice de seu vinho do porto, esquentado ambos em uma lareira vendo a neve cair lá fora que a solidão marcava presença forte em seu coração vazio.
O Maestro esperava um amor verdadeiro, ansiava por desvendar seus segredos e mergulhar sem receios na alma do mundo provando o doce sabor que somente aqueles que amam verdadeiramente sentem. Porém, por mais que quisesse o amor não batia em sua porta. Ele entendia que o amor tinha hora e data certa pra chegar e não adiantava tentar apressar as coisas, cabia-lhe ser paciente e esperar que a dádiva do amor lhe pudesse ser entregue.
O Natal estava próximo e todos os seus espetáculos agora eram com melodias natalinas que celebravam o nascimento do Bom Menino Deus. As pessoas se aglomeravam na porta do teatro para assisti-lo reger tão esplendoroso sua orquestra. E era em épocas assim que seu coração tomava corpo e forma e batia violentamente em seu peito implorando para ser resgatado e salvo daquele mundo cruel de abandono. E eram em noites assim que o maestro melhor regia sua orquestra, fazendo com que seu coração batesse nas pontas de seus dedos, cada instrumento tocava em seu devido momento, cada nota saía conforme a melodia exigida por seu coração. E quando as luzes do teatro se acendiam e ele olhava para a plateia, uma salva de palmas prolongada, com pessoas em pé o aclamavam com lágrimas nos olhos.
Ao chegar em casa o fiel Rufus vinha abanando a enorme calda em sua direção, ele lhe afagava a cabeça e olhava ao redor a casa nobre de madeira rústica, impecavelmente decorada, para quem? Para ele somente? Assim seriam todos os dias até o final de sua vida?
Foi numa noite especial, sentado em sua mesa na sala de jantar saboreando sua refeição solitária a luz de velas que começou a brincar com os palitos sobre a mesa fazendo com que eles se transformassem em bonecos, de repente algo se iluminou dentro de sua cabeça, precisava arrumar algo para distrair sua mente enquanto estivesse em casa sozinho senão enlouqueceria, já ouvira casos de gente que enlouquecerá por amor, mas por falta dele, seria ele o primeiro?
O maestro correu então ao seu porão, buscou madeira, papel e qualquer coisa que lhe servisse como instrumento naquilo que estava planejando.
E assim foi, durante uma noite inteira Rufus observou seu dono num andar apressado. Do porão saiam marteladas, barulho de madeiras sendo serradas, fitas de cetim e pedaços de pano para todos os lados e somente quando a cor da aurora começou a pintar o céu foi que o maestro caiu sentado exausto num velho sofá que por ali ficava.
_ Rufus velho amigo, afinal minhas mãos não servem apenas para reger orquestras.
O maestro se sentia feliz, ao seu redor, dezenas de bonecas haviam sido produzidas naquela noite, algumas de madeira, outras de pano, olhinhos de botão azuis ou verdes, cabelos de fios de linha colorido, qualquer criança ficaria encantada naquele mundo que o maestro acabará de criar.
_ Bem amigo, e agora, o que farei com elas me diga?
Rufus baixou as orelhas, como que indagando também qual seria o fim da maravilhosa arte de seu dono. Acordado como de um transe o maestro começou a colocar todas aquelas maravilhosas bonecas dentro de uma caixa de papelão. No fim vestiu seu casaco pesado e chamando Rufus saíram pela porta da frente rumo a rua ainda coberta de neve.
A algumas quadras da casa do maestro existia um orfanato para meninas, o lugar era pobre mais aconchegante. O maestro parou em frente do pesado portão com grades e tocou o sino que servia de campainha, não demorando muito uma senhora com um grosso casaco de lã cor de rosa e cabelos grisalhos como a neve veio lhe receber.
_ Pois não, em que posso ajudá-lo Sir? _ disse a senhora abrindo um sorriso que muito lembrou o maestro sua falecida avó.
_ Eu..bem...eu..queria fazer doações dessas bonecas as suas crianças. Posso?
A senhora abriu a caixa que o maestro carregava e se deparou com bonecas lindas, tão lindas que seus olhos se encheram de lágrimas.
_ Oh Sir, são lindas! Minhas meninas irão adorar, já estávamos tão tristes porque esse ano não recebemos muitas doações e não poderíamos comprar seus presentes. O senhor sabe Sir, épocas difíceis onde a avareza e o egoísmo dos seres humanos estão cobrindo seus corações como a neve cobre agora as ruas e calçadas de nossa cidade. Mas, como posso ser rude assim, entre Sir, vamos nos aquecer lá dentro e o senhor mesmo pode entregar as meninas tão valioso tesouro!
O maestro olhou para o companheiro que estava com as patinhas geladas na neve.
_ Oh, seu amigo também é bem vindo em nossa casa _ disse a senhora sorrindo.
Rufus latiu satisfeito por finalmente tirar as patas da calçada congelada.
Ao entrar no orfanato uma sensação de paz invadiu o coração do Maestro, em todos os cantos havia luz, era como se as coisas ali tivessem uma áurea diferente, pura, longe das imundices mundanas. De repente uma garotinha no auge de seus cinco anos de idade, com olhos negros como a noite e cabelo de igual tom segurou sua mão:
_ Sir, posso brincar com seu auau? Aqui não me deixam ter um _ disse a garotinha em tom queixoso olhando a senhora simpática com um bico.
O maestro riu olhando para Rufus que parecendo entender a garotinha se levantou do assoalho quente onde se encontrava e esfregou sua grande cabeça na mãozinha dela, fazendo com que a menina abrisse um largo sozinho.
_Acho que ele respondeu por mim menina. _ disse o maestro.
E a menina correu para mostrar seu novo amigo as outras crianças.
_ Como o senhor pode ver Sir, não somos muito ricos, é tudo muito simples. As paredes são decoradas pelas próprias meninas, e muitos dos brinquedos também são feitos por elas. Vivemos da doação de pessoas caridosas que nos ajudam a manter esse lar feliz. Muitas das meninas que tenho aqui hoje já passaram da idade mais procurada para adoção, então sabemos que a triste realidade delas é viver para sempre aqui até que o bom destino se encarregue de encaminhá-las. Como fui rude novamente, esqueci de me apresentar, me chamo Madeleine, sou a diretora do orfanato _ disse isso estendendo as mãos um pouco enrugadas pelo tempo ao maestro.
_ Muito prazer. Me chamo John _ apertando a mão da senhora_ É um prazer conhece-la. É incrível como faz com que esse lugar seja um lar a essas garotas que não tiveram o privilégio de ter uma família, porém tem o privilégio de conviver com uma criatura tão bondosa como a senhora.
_ Oh, que isso Sir John. Apenas faço o que o meu coração pede. O senhor também deve ouvir sempre seu coração, pois não são todas as pessoas do mundo que saem de casa nas vésperas do natal em que estão correndo em busca de presentes pessoais ou para sua família para fazer doações a um orfanato de meninas.
O maestro ficou em silencio, ouvir seu coração? Foi o que ele fizera e começou a construir as bonecas, é o que ele faz quando rege sua orquestra e a todos emociona, porém, mesmo ouvindo seu coração em todos esses momentos se sentia tão só ao chegar em casa. Em época de Natal as coisas pioravam muito, o maestro não tinha família, seus pais morreram quando ainda era jovem e ele foi criado por uma tia, que também falecerá, lhe deixando só no mundo com uma imensa fortuna. Apenas Rufus permanecia, ele era sua família.
_ Vejamos Sir, quer entregá-las as meninas?
_ Gostaria muito.
Então entraram numa sala enorme com paredes cor de rosa. Em cada canto existiam borboletas de todas as cores desenhadas, assim como flores, nuvens, sol e arco-íris, brinquedos espalhados por todos os lados, e como completando o cenário, quinze meninas de idades variando de três a doze anos brincavam naquele ambiente. Todas uniformizadas com um avental rosa e fitas de cetim nos cabelos, algumas liam sentadas em grandes pufes no chão, outras menorzinhas desenhavam com seus gizes de cera em folhas enormes, e no meio de todo aquele grande cenário Rufus como um rei sentava-se no meio de uma roda de meninas que lhe faziam carinho e escovavam-lhe o pelo e a grossa calda que parecia um espanador. O maestro não pode evitar um sorriso, se um dia tivesse um sonho muito feliz, ele com certeza se pareceria com aquele lugar.
_ Meninas. Por favor venham aqui _ disse Madeleine e todas as meninas pararam o que estavam fazendo para olhá-la. Este é Sir John e ele veio lhes trazer presentes. O que dizemos a ele?
_ Obrigada Sir John_ responderam em coro todas elas.
_ São todas suas_ disse Madeleine lhe piscando o olho.
O maestro não sabia o que fazer, nem quando regia sua enorme orquestra sendo assistido por milhões de pessoas se sentira tão nervoso assim.
_ Bem vejamos, vejo que já conheceram o Rufus senhoritas, meu fiel amigos Rufus, e bom, fiquei muito feliz de conhecer o lar de vocês, e a senhora Madeleine que as cuida tão bem. Espero que gostem das bonecas..._ ao dizer essas palavras todos os olhinhos da sala brilharam ainda mais intensamente, descobrirá ele a palavra mágica. _ Bem, então sem mais, venham pegá-las sim.
E abrindo a caixa de papelão, primeiro as pequeninas vieram com seus passinhos apressados e colocaram a mãozinha dentro da caixa retirando o valioso tesouro. Quando a primeira menina, que no auge dos seus três aninhos retirou sua boneca da caixa todas as outras viram e soltaram um uníssono “OOOOOOOOHHHHHHHHH” frente a beleza da boneca. A menina então olhou para o maestro com os olhinhos ainda mais radiantes e disse:
_ Obrigada Sir John.
E de uma em uma as bonecas iam sendo retiradas da grande caixa de papelão e em seguida um “obrigada Sir John!”, dito com olhos cheios de alegrias. Rufus um pouco aborrecido pois não era mais o centro das atenções das meninas sentou-se ao lado do dono para apreciar o cenário de intensa felicidade que os dois estavam proporcionando aquelas crianças. Por ironia do destino ou não, eram exatamente quinze bonecas dentro da caixa. E quando a entrega terminou todas as meninas esqueceram o que estavam fazendo e brincavam emocionadas com seus tesouros pessoais, umas já se organizavam para trocar suas roupinhas e dar-lhes banho, outras já estavam tomando chá com bolachas na casa uma das outras com suas filhas no colo.
O maestro olhava tudo aquilo com intensa emoção, seguira seu coração e recebera a melhor recompensa que poderia. Seu coração saltava feliz no peito, estava completo naquele momento.
_ São lindas não são Sir John? _ Madeleine falou ao seu lado_ Ainda mais quando sorriem assim, e como se todo o mundo se calasse apenas para ouvirmos seus sorrisos.
_ Sim, a alegria de uma criança realmente não tem comparação. Madeleine, posso voltar outras vezes para visitá-las? E se não for demais abusar de sua boa vontade posso trazer-lhes mais bonecas?
_ Claro Sir, será muito bem vindo sempre que quiser retornar.
O maestro então se retirou da grande sala deixando as pequenas com seus novos tesouros, era chegada a hora de ir. Vestiu novamente seu pesado casaco e saiu rumo a calçada gelada com Rufus rosnando aos seus pés, pois para ele aquele assoalho quentinho estava melhor do que um belo prato de bife com batata frita, sua comida favorita e não estava disposto a abandoná-lo ainda mais para colocar suas patinhas na gelada calçada.
_ Vamos companheiro, prometo que pedirei a senhora Williams que lhe faça luvas da próxima vez, mas agora precisamos mesmo ir.
Rufus rosnou um pouco mais alto e foi.
Ao abrir a pesada porta da frente da casa o maestro suspirou, estava novamente dentro de suas paredes solitárias, apesar do coração ainda conservar o calor que aquele lugar lhe passou, ainda se sentia só. Acendeu a lareira alimentando-a com mais madeira e foi preparar sua comida e de Rufus, essa noite teria uma grande apresentação e precisava estar bem alimentado.
Como sempre sua apresentação fora um sucesso, no camarim as pessoas iam cumprimentá-lo com brilho nos olhos, algumas senhoras com lenço nas mãos não escondiam as lágrimas de felicidade ao conhecê-lo pessoalmente, “O Maestro que regia a música da alma”, diziam todos. Após os cumprimentos, o maestro se despediu apressado, precisava voltar a sua casa, precisava fazer novas bonecas, o Natal seria daqui a quatro dias e era preciso duro trabalho para fazê-las mais lindas ainda.
Naquela noite o maestro sentou-se em sua mesa e se pôs a desenhar, desenhou quinze bonecas perfeitas em todos os detalhes, teriam rostos de porcelana e vestidos de cetim e seda, colocaria chapéus em seus cabelos que seriam feitos com fios apropriados, cada uma seria um presente a uma princesa e deveria estar perfeitas. No outro dia de manha foi as lojas que precisava e comprou tudo, depois da apresentação naquela noite começaria seu lindo trabalho.
E foi durante aquela noite que uma nova idéia surgiu em seu coração, na véspera do Natal muitas pessoas se reuniam para ouvi-lo tocar antes de irem cear com a família, era uma das noites do ano que mais ganhava dinheiro, então com o coração mais feliz ainda ele chegou em casa e foi trabalhar em suas bonecas esperando a aurora chegar para conversar com a senhora Madeleine, ele poderia ajudar aquelas meninas ainda mais e agora sabia disso, seu coração jubilava-se com a ideia, era o primeiro Natal em muitos anos que o maestro se sentia realmente feliz.
Quando percebeu que já era uma hora adequada para se ligar no orfanato pegou o telefone e pediu a telefonista para discar ao orfanato.
_ Orfanato para meninas bom dia _ disse uma voz doce que não era sua conhecida.
_ Bom dia, por favor a senhora Madeleine.
_ Ela não se encontra no momento senhor, posso ajudá-lo?
Mas que voz doce e suave era aquela pensava o maestro, era como se seu coração se acalentasse com aquela voz, não poderia ser uma das meninas, pois a voz provavelmente era de uma jovem de seus vinte e poucos anos.
_ Com que eu falo por gentileza?
_ Sou Alice, ajudante da senhora Madeleine.

“Alice”, pensou o maestro, “que belo nome!”
_ Pois sim, aqui é Sir John, por favor, quando a senhora Madeleine chegar peça que entre em contato comigo imediatamente.
_ Oh, Sir John das bonecas? Que lindo trabalho o seu! As meninas estão encantadas com elas e não as deixam um minuto. Que lindas são, não tenho como lhe agradecer pelo que fez.
“Meu Deus o que é isso”, pensou Sir John, “o que acontece com meu coração enquanto essa jovem fala?”
_ Sim, obrigada senhorita, mas não fiz mais do que minha obrigação, por favor, não esqueça o recado a senhora Madeleine.
E desligou. Seu coração palpitava tão rápido que foi preciso se sentar e tomar um copo de agua para se acalmar. Como seria a dona daquela voz? E porque teve esse imenso efeito sobre seu coração. “Acho que estou ficando louco” pensou ele.
Mais tarde naquele dia a senhora Madeleine o telefonou e ele contou-lhe a idéia que tivera, ela chorava no telefone de emoção, não sabia como agradecer a tão bondoso senhor pelo que ele estava fazendo as suas meninas. Ele falava encabulado que gostaria até de fazer mais, uma ceia de natal se ela autorizasse e entregaria juntamente as bonecas.
_ Mas é claro sir, o senhor é muito bem vindo nessa casa.
_ Senhora mais uma coisa, gostaria de saber quem foi a jovem que atendeu o telefone mais cedo.
_ Ah, era Alice suponho, era uma das órfãs daqui, seus pais morreram num acidente quando ainda era um bebe e não tinha mais ninguém de sua família vivo, ela veio a mim entregue por um policial bondoso e aqui cresceu. Hoje ela é professora e nos ajuda como pode aqui no orfanato, é uma boa moça, ficou encantada com as suas bonecas, no Natal certamente o senhor irá conhecê-la.
_ Sim, senhora. Muito obrigada pela informação e a vejo amanha no teatro, peça a Alice que vá também por favor.
E logo depois que desligou o telefone o maestro só tinha um pensamento, precisava conhecer Alice e precisava dar a ela um lindo presente de Natal, mas o que comprar para uma senhorita que não se conhece? Então ele teve uma ideia, faria para ela uma linda boneca, a mais linda que suas mãos pudessem criar e a presentearia na noite de Natal.
Chegada a véspera do Natal uma surpresa aguardava a todas as milhões de pessoas que veriam o concerto do maestro, uma placa na entrada do teatro dizia que todo dinheiro arrecadado naquela noite seria doado ao Orfanato de Meninas e se alguém pudesse contribuir mais ele seria muito grato.
Na primeira fileira quinze meninas com aventais rosa e fitas de cetim no cabelo olhavam a tudo aquilo admirada, o maestro lhes acenou quando entrou e elas sorriram emocionadas ao vê-lo, ao lado das meninas estava Madeleine, e uma outra jovem, com longos cabelos loiros presos numa trança e os olhos de um azul intenso, o olhar dela com o maestro se cruzaram e naquele instante era como se o mundo tivesse parado de girar, tudo sumiu, o teatro, as meninas, a orquestra, apenas existia aqueles dois corações batendo aceleradamente no peito de cada um. O momento esperado enfim chegará, o amor invadiu o coração daqueles dois.
Foi uma noite maravilhosa. Quem assistiu aquele concerto disse que jamais viu o maestro regendo sua orquestra com tanta paixão e entusiasmo. Quando tudo acabou pessoas sorriam, choravam, o aplaudiam e seus corações estavam envolvidos pela divina música que acabaram de ouvir.
No camarim enquanto cumprimentavam o talentoso maestro cheques eram retirados e preenchidos com quantias exuberantes, dinheiro era entregue a senhora Madeleine que não sabia mais como agradecer tanta generosidade, o espírito natalino em conjunto com a musica maravilhosa do maestro havia descongelado os corações, e por algumas horas aquelas pessoas foram tocadas pelo espírito de bondade e benevolência.
As meninas do orfanato eram elogiadas a todo o momento, todos estavam encantados com a beleza e educação que delas vinha, e elas não faziam por menos, agradecia com reverencia a todos os doadores e sorriam alegres para todas as pessoas presentes.
O maestro sentia seu coração cheio de alegria, paz e...e...amor, sim amor, porque no meio daquela felicidade toda o maestro não conseguia esquecer o par de olhos azuis que o fitava no meio da platéia, não conseguia esquecer a doce voz de Alice e não via a hora de dar-lhe seu tesouro, seu presente de Natal e juntamente com um pedido, um pedido que a muito seu coração ansiava para ser feito, e agora que chegara a hora ele sabia que era realmente aquela moça de olhos lindos e voz doce que ele queria ter para sempre em sua vida.
Acabado os cumprimentos e doações cada um foi se retirando, pois ainda era véspera de Natal e suas famílias o esperavam em casa para a tão sonhada ceia e o encontro familiar. O maestro, Madeleine, Alice e as meninas se dirigiram ao orfanato, onde Rufus esperava ansiosamente na porta tendo em cada patinha uma luva de cor de vermelha, tecida gentilmente pela senhora Williams.
Dentro do orfanato uma grande ceia esperava a todos, o maestro havia pedido autorização a Madeleine e enquanto todos estavam no concerto empregados seus entraram no orfanato e prepararam uma ceia jamais vista naquele lugar. As meninas não cabiam em si de contentamento e olhavam com os olhinhos brilhantes todas aquelas guloseimas antes apenas admiradas nas vitrines de lojas caras, mas antes disso, o maestro retirando uma grande caixa debaixo da imensa arvore de Natal que ele fizera para as meninas disse:
_ Minhas adoradas, vocês devem estar pensando que nesse Natal eu lhes dei muitos presentes não é mesmo? Mas na verdade, foram vocês que me deram os presentes que sempre esperei em toda minha vida. Vocês encheram meu coração de luz, esperança, alegria e amor, ensinaram meu coração a sair daquele canto escuro e vazio que ele se encontrava e vir par a luz, onde as encontrei. Vocês, são o meu presente de Natal e espero que possamos repetir isso todos os anos _ e olhando para Alice_ porque pretendo estar muito perto de vocês para sempre. Agora venham aqui pegar seus tesouros e espero que gostem ainda mais do que lhes fiz.
E foi entregando a cada menina sua linda boneca. As meninas pareciam estar em um sonho, o sorriso não saía de suas jovens faces, e a cada boneca recebida o maestro recebia um apertado abraço e um beijo estalado na face. Para Madeleine, o maestro deu um xale novo, tudo bordado com pedrarias, a senhora chorava emocionada com tudo aquilo, e chegando perto de Alice estendeu a ela a boneca especial que lhe fizera.
_ Essa é para você!
_ Ohh é linda! É a boneca mais linda que já vi _ disse Alice com lágrimas nos olhos_ O sir, eu nunca tive uma boneca. Obrigada.
Abraçou sir John forte e naquele momento seus corações bateram juntos num mesmo compasso, como bateriam para o resto de suas vidas.
O tempo passou, logo após o natal, alguns casais que conheceram as meninas no concerto vieram novamente ao orfanato as visitar e no final, todas as meninas foram adotadas. Madeleine então abriu vagas para novas crianças de ruas que foram acolhidas, e agora expandira o orfanato graças a doação generosa que o maestro fez, e podia receber cada vez mais e mais crianças.
Alice e o maestro se casaram, tiveram três meninas lindas e continuaram todos os anos fazendo a famosa ceia e doação de Natal ao orfanato que também ajudavam o ano todo. Quando a doce senhora Madeleine partiu com os anjos, Alice tomou seu lugar como diretora do orfanato e fazia todos os dias aquelas crianças perceberem que podiam ter um lar feliz e sonhar.

Assim eu acabo essa história, que não traz lição de moral, é apenas um conto daqueles que lemos após um dia cansativo de trabalho ou de estudo, fechamos os olhos e sorrimos, sentindo dentro de nós aquele quarto cor de rosa com borboletas pintadas ganhar espaço e ficamos em paz.

FIM

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