sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Até a volta...


(...)Então tenho vontade de abrir todas as janelas da casa para que o sol possa entrar.
É isso que me ocorre pelas manhãs, sempre à mesma hora.(...)
Meus dias são sempre como uma véspera de partida.
Movimento-me entre as pontas como quem sabe que daqui a pouco já não vai estar presente.
As malas estão prontas, as despedidas foram feitas.
Caminhando de um lado para outro na plataforma da estação, só me resta olhar as coisas lerdo e torvo,
sem nenhuma emoção, nenhuma vontade de ficar.
As janelas abrem para fora, os bancos parecem-se aos bancos e os vasos foram feitos para se colocar flores em seu oco.
As coisas todas se parecem a si próprias.
Nada modificará o estar das coisas no mundo, e a minha partida ontem, hoje ou amanhã, não mudará coisa alguma.
Cada coisa se parece exatamente com cada coisa que ela é. Assim eu próprio, me parecendo a mim mesmo, de um lado para outro, entre cigarros sem sabor e jornais sangrentos (...).

CFA

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