terça-feira, 22 de março de 2011


Hoje eu abri meus olhos, eles estavam pesados e a claridade os feria.
Voltei a olhar pra dentro de mim, encontrei o mesmo vazio que estava ali ontem, um vazio silencioso e oco, nada havia sobrevivido.
Levantei.
As sombras ainda estavam ali,
As mesmas de ontem a noite que não saíram de perto de mim.
Elas também querem me enlouquecer eu acho...
Sorri pra elas, “vocês estão quase conseguindo, mais um pouco e vocês acabam comigo.”
Ouvi um silvo, um animal, elas estão felizes...
Tomei um banho frio,
A febre havia baixado e eu sinto calor.
Ouvi um choro
Minha sobrinha chorava,
Apavorada com as sombras,
Pedi pra se afastarem:
“VoCês já tem o que querem,
Deixem a criança em paz.”
Sai do banho,
Me olhei no espelho,
Estou mais pálida que de costume,
Nos olhos um vazio,
O nada.
Coloquei a blusa preta de gola alta
Pra esconder as mutilações no pescoço
Não preciso de olhares tortos sobre os machucados.
O visual negro.
A maquiagem foi passada mas que o necessário,
Escondendo os traços frios
Um rosto de porcelana
Percebi que minhas mãos tremiam...
Eu ia entrar em choque de novo,
As sombras se aproximaram,
Eu sorri.
“Dessa vez não.”
Sai.
O dia esta cinza
Dia Velho como eu costumava dizer.
O vento brinca com os meus cabelos loiros.
Passo por uma senhora
Que mora perto de casa
E todos dizem que é louca.
Ela me olha: “VoCê está mais bela hoje.”
Eu sorrio: “É porque estou morta”
Escuto o silvo do animal.
Adieu, mon cherie

Nenhum comentário:

Postar um comentário