Você foi
minha primeira paixão platônica – eu era só uma menina quando te vi pela
primeira vez, em um VHS da Disney. E, junto com 90% da população feminina
nascida nos anos 90, decidi que iria te encontrar.
Por você,
fiz loucuras de amor: mordi maçãs, perdi sapatos e beijei sapos. O resultado?
Uma baita indigestão, um prejuízo de 200 reais (além do mico de voltar pra casa
descalça).
Cresci
ouvindo que você chegaria, num carrão/cavalo branco, sem que eu precisasse
fazer nada além de “ser boazinha” e “ser linda” – ah, espelho, espelho meu,
existe alguém mais
toda-trabalhada-no-salto-na-escova-e-no-carão-da-hora-em-que-acorda-à-hora-em-que-vai-dormir
do que eu? Aliás, dormi mais de vinte horas no último sábado, e
você sequer apareceu pra me despertar com beijo de amor verdadeiro!
Eu, hein? A gente fica aqui, na luta, na atividade, sempre à sua espera, e você nem
dá as caras?! Foi porque cheguei tarde da festa e já tinha virado abóbora? Mas
eu nem tirei a make pra dormir, só pra acordar linda pra você! Será que foram
os dois dedinhos que pedi pra cabeleireira tirar das minhas longas madeixas?
Mas eu continuo firme no Projeto Rapunzel, só pra você se enrolar nos meus
cabelos ao som de Wando (só que não)!
Eu fiz
tudo certinho! Eu juro! Cadê o meu “felizes para sempre”? Satisfação
garantida, ou minhas ilusões de volta?
Resumindo,
Vossa Alteza: venho por meio desta expressar minha profunda decepção
para com esta enganosíssima propaganda que se chama “conto de fadas”.
Saiba que sou moça plebeia, que trabalha das oito às seis de segunda a
sexta-feira e que mata um leão por dia (quequié? Tava achando que só você pode
matar dragão, monstro e o raio que o parta?). Sei muito bem me defender quando
a bruxa tá solta e, não, não preciso ser salva! Aprendi a construir o meu
próprio final feliz: afinal, na minha terra, espetar dedo em roca pra se dar
bem é chantagem emocional.
Ouvi
falar do seu baile-balada, mas não tenho grana pra área VIP – e bem sei que,
como bom mauricinho que és, não ficarás no meio da muvuca. Você deveria se
inscrever num daqueles programas de namoro da TV – quer alternativa mais
moderna do que essa? Baile, pra quê? Cria logo uma fanpage: você vai ver o
tanto de mulher em busca do Príncipe Encantado!
Pensei em
preencher uma reclamação formal ao Sindicato Real das Fadas Madrinhas e dos
Profissionais do Encantamento, mas achei melhor acordar pra vida e continuar
sonhando em minha própria realidade. E, enquanto minhas amigas continuam
sonhando em te encontrar – ou a qualquer nobre membro da seleta família
Encantado –, eu continuo trabalhando das oito às seis, saindo com o pessoal do
trabalho na sexta-feira, com as amigas no sábado, fazendo as unhas quando dá,
e, no domingo, sonhando em poder sair com aquele cara legal de novo. Decidi
esquecer sapos e príncipes e me encantar com uma nova raça: o Homem com H.
Aquele que ama se enrolar nos meus cabelos, dois dedos ou três palmos mais
curtos. Que me pega pela cintura e tem a sensibilidade de saber se preciso de
um beijo na testa ou na boca. Que me acha linda, seja toda trabalhada na make +
salto ou na camiseta de banda + cara lavada. E daí que ele não tira aquela
bermuda e não faz a barba há semanas? Meu coração bate mais forte quando o vejo
ali, pertinho de mim.
Disse o
poeta, “quem é de verdade sabe quem é de mentira”. E, de mentira, já basta o
Pinóquio – primo de primeiro grau dos saponildos de plantão. Não me leve a mal.
É como as pessoas dizem quando não estão mais a fim: não é você, sou eu.
Atenciosamente,
Plebeia
Ps: ainda
suspiro horrores vendo A Bela e a Fera. Certos hábitos são difíceis de
largar.
Muito lindinho *-*
Estou alegre por encontrar blogs como o seu, ao ler algumas coisas,
ResponderExcluirreparei que tem aqui um bom blog, feito com carinho,
Posso dizer que gostei do que li e desde já quero dar-lhe os parabéns,
decerto que virei aqui mais vezes.
Sou António Batalha.
Que lhe deseja muitas felicidade e saúde em toda a sua casa.
PS.Se desejar visite O Peregrino E Servo, e se o desejar
siga, mas só se gostar, eu vou retribuir seguindo também o seu.