sexta-feira, 28 de junho de 2013

Vai, se joga!


O que você está esperando?
Ligue, diga que o ama e que não sabe mais viver sem a sua presença.
Não esqueça de lembrá-lo que você emagreceu, então não vai mais precisar ficar reclamando das gordurinhas pra ele.
Faça ele perceber que ninguém saberá amá-lo como merece, somente você.
Peça, implore, para que ele volte.
Quando negar o seu pedido, chore.
Vá até o armário e devore mais três caixas de chocolate.
Beba mais vinho.
Fique lá, jogada no chão,
sem banho e sem esperanças.

Peça demissão.
Afinal, você não suporta mais passar perto do bar que se conheceram e lembrar de tudo o que tiveram.
Lote o e-mail e celular dele de mensagens.
Ligue, e chore, para os pais dele.
Quando ele resolver te ligar,
não espere que ele diga uma única palavra.
Atropele a conversa dizendo o quanto se sente feliz pela ligação
e pergunte quando vão se encontrar.
Se ele aceitar, tome um banho,
compre lingerie nova,
se depile,
fique bem cheirosa e minta o quanto puder para si que essa é a chance para vocês reatarem.

Ah, como a vida é justa!
Você fica feliz e sorridente por...
Dois, três dias??
Em seguida voltará à monotonia de um relacionamento fadado ao fracasso.
Você se sentirá a maior submissa.
Aquela que aceita tudo o que ele diz somente para tê-lo por perto.

Com o tempo,
os encontros vão se tornar quinzenais.
Ele, terá outras neste período.
Você?
No fundo, no fundo vai saber de tudo,
mas vai perdoar porque é fraca
e acredita que nenhum outro homem vai te amar.

Por isso, se joga!
Mas faz isso rápido,
antes que alguém venha te segurar do alto desse abismo...



A dor doía menos assim,
embora não fosse exatamente uma dor.
Mais um peso, um calafrio.
Uma memória, uma vergonha,
uma culpa, um arrependimento em que não se pode dar jeito.


[1980 - Os Dragões não conhecem o Paraiso]

segunda-feira, 24 de junho de 2013

23 ♥


E hoje é o seu dia, dia de comemorar a sua existência.
Talvez você seja a pessoa que mais me conhece, quem mais aguenta minhas neuras e doidices, quem mais suporta as minhas crises existenciais, quem mais me dá colo nos dias frios e faz gordices comigo, e em compensação eu talvez seja a pessoa que mais te conheça, que sei dos seus problemas, dos seus medos, dos seus sonhos.
Nos últimos dois anos você sempre esteve presente. Percorremos caminhos loucos e difíceis, mas ao seu lado tudo ficou mais fácil, e nada foi mais agradável do que ficar nos dias frios deitada ao seu lado assistindo filme. Parecemos às vezes dois velhos ranzinzas teimando o tempo todo, largando aquele barzinho bom pra ficar debaixo das cobertas.
Endividamo-nos unidos. Falamo-nos todo dia. Quando não nos vemos você me liga, sem motivo algum, só pra dizer que está com saudades, assim como também rimos sem motivo aparente.  É a pessoa mais incrivelmente chata e irritável que eu conheço, mas a que eu também sempre quero ter por perto.
E nesse dia de hoje eu venho aqui te desejar todas as coisas mais lindas do mundo inteiro. Que você viva sua vida da maneira como deseja, que busque sempre o melhor caminho pra realizar seus sonhos, que você alcance sucesso profissional naquilo que mais gosta, e que na vida pessoal sempre tenha um pontinho rosa pra te pentelhar. Enfim, desejo nossa viagem pra Machu Picchu, pra Disney, que a nossa velhice seja em São Tomé quietinhos sentados na varanda olhando a paisagem e relembrando tudo que vivemos. E que acima de tudo você seja feliz, incrivelmente feliz, e quando você conseguir sair do labirinto tenha a sensação que viveu tudo da maneira como sempre quis e desejou.

Feliz 23 aninhos, e que esse seja um ano maravilhoso!

Te amo muito  ♥




terça-feira, 18 de junho de 2013

Quero acreditar que o revolucionário de hoje que se levanta do sofá, se enrola na bandeira do país e vai as ruas, vai por si mesmo e pelo outro, por acreditar que é possível mudar, por acreditar que uma coisa boa vai surgir.
Eu quero acreditar que existe um objetivo maior em tudo isso, que não é só por modismo, pra fazer bonito, pra arrumar uma desculpa pra se chamar de revolucionário e compartilhar frases impactantes em redes sociais e em cartazes.
Eu quero acreditar que é pelo bem comum, aquele bem comum que a gente estudava e acreditava utopicamente quando éramos jovens iniciantes nas leis do país.
Eu quero acreditar que não é só pelo status de dizer que esteve lá, mas por pensar naqueles que passam fome, que não tem educação, que sofreram injustiças a vida inteira, marginalizados pelo sistema.
Eu quero acreditar que se tem um rumo, que estamos todos juntos, que o Brasil é um só, eu quero ver solução e não apenas manifestações que pararão em uma semana.
Quero acreditar que mudaremos a história, não cairemos mais nas mentiras governamentais e que nas próximas eleições esse país será diferente.
Há algum tempo atrás uma pessoa me disse: “Por que você vai a manifestações? Está faltando alguma coisa pra você? Alguém está ferindo os seus direitos?” E essa mesma pessoa hoje levanta uma bandeira lutando por algo que não lhe falta, seja educação, seja emprego, seja dignidade. A mudança brusca de opinião me coloca em um paradigma, as pessoas estão fazendo isso pra se vangloriarem ou por que realmente querem mudar algo? Somos tão manipulados assim pela mídia que só levantamos e fazemos alguma coisa quando a maioria levanta e faz? Ou realmente as pessoas acordaram, o Gigante acordou, como estão dizendo por aí? Meu medo imediato é de que seja apenas questão de tempo pra esse fogo apagar, pra todos voltarem pras suas vidinhas sem se importar com o próximo, que o Gigante se canse de brincar de revolução e volte pro seu sono profundo.
Eu quero muito, muito mesmo acreditar que é pelo bem comum, quero acreditar que as pessoas realmente saíram da inércia e estão aí batalhando por um país melhor. Que estão fazendo isso pela minoria marginalizada, porque estão cansadas de serem escravas de um sistema famigerado. Que querem algo melhor pro país e não só pra encher o peito com orgulho egocêntrico e dizer “EU FUI”.
Eu que vivo tanto em Wonderland quero colocar a cara pra fora e ter os olhos brilhantes de contentamento ao ver os meus irmãos lutando uns pelos outros como iguais, lutando pelas famílias do Brasil, pelas crianças, pelas mulheres, pelos homossexuais, pelos trabalhadores, pelos estudantes, por leis mais justas, pela Constituição da República Federativa do Brasil ser colocada em prática. Quero ver organização, quero objetivos reais, soluções reais, e não abstração, e não comodismo.
Quero ordem e progresso, enfim.

“Mesmo assim, racional o suficiente para saber que o mundo amanhã vai amanhecer o mesmo. Mesmo assim… Por favor, não me decepcionem. O que está acontecendo é mesmo lindo. Olhem-se no espelho e convençam, não a mim, a si mesmos, de que querem, sabem e podem fazer algo (...). Hoje, eu quero dar um voto de confiança, eu quero que seja coerente arriscar, eu quero que valha a pena confiar. Hoje, só hoje, eu quero ter esperanças, eu quero querer que dê certo. Então, por favor, não decepcionem. Não decepcionemos. Porque, que sejam por quinze minutos, o mundo acredita em nós.”
Maria Eugênia – “Quando há ferrugem no meu coração de lata...”

quinta-feira, 13 de junho de 2013

Querido Príncipe Encantado por Louise Mira


Você foi minha primeira paixão platônica – eu era só uma menina quando te vi pela primeira vez, em um VHS da Disney. E, junto com 90% da população feminina nascida nos anos 90, decidi que iria te encontrar.
Por você, fiz loucuras de amor: mordi maçãs, perdi sapatos e beijei sapos. O resultado? Uma baita indigestão, um prejuízo de 200 reais (além do mico de voltar pra casa descalça).
Cresci ouvindo que você chegaria, num carrão/cavalo branco, sem que eu precisasse fazer nada além de “ser boazinha” e “ser linda” – ah, espelho, espelho meu, existe alguém mais toda-trabalhada-no-salto-na-escova-e-no-carão-da-hora-em-que-acorda-à-hora-em-que-vai-dormir do que eu?  Aliás, dormi mais de vinte horas no último sábado, e você sequer apareceu pra me despertar com beijo de amor verdadeiro! Eu, hein? A gente fica aqui, na luta, na atividade, sempre à sua espera, e você nem dá as caras?! Foi porque cheguei tarde da festa e já tinha virado abóbora? Mas eu nem tirei a make pra dormir, só pra acordar linda pra você! Será que foram os dois dedinhos que pedi pra cabeleireira tirar das minhas longas madeixas? Mas eu continuo firme no Projeto Rapunzel, só pra você se enrolar nos meus cabelos ao som de Wando (só que não)!
Eu fiz tudo certinho! Eu juro! Cadê o meu “felizes para sempre”? Satisfação garantida, ou minhas ilusões de volta?
Resumindo, Vossa Alteza: venho por meio desta expressar minha profunda decepção para com esta enganosíssima propaganda que se chama “conto de fadas”. Saiba que sou moça plebeia, que trabalha das oito às seis de segunda a sexta-feira e que mata um leão por dia (quequié? Tava achando que só você pode matar dragão, monstro e o raio que o parta?). Sei muito bem me defender quando a bruxa tá solta e, não, não preciso ser salva! Aprendi a construir o meu próprio final feliz: afinal, na minha terra, espetar dedo em roca pra se dar bem é chantagem emocional.
Ouvi falar do seu baile-balada, mas não tenho grana pra área VIP – e bem sei que, como bom mauricinho que és, não ficarás no meio da muvuca. Você deveria se inscrever num daqueles programas de namoro da TV – quer alternativa mais moderna do que essa? Baile, pra quê? Cria logo uma fanpage: você vai ver o tanto de mulher em busca do Príncipe Encantado!
Pensei em preencher uma reclamação formal ao Sindicato Real das Fadas Madrinhas e dos Profissionais do Encantamento, mas achei melhor acordar pra vida e continuar sonhando em minha própria realidade. E, enquanto minhas amigas continuam sonhando em te encontrar – ou a qualquer nobre membro da seleta família Encantado –, eu continuo trabalhando das oito às seis, saindo com o pessoal do trabalho na sexta-feira, com as amigas no sábado, fazendo as unhas quando dá, e, no domingo, sonhando em poder sair com aquele cara legal de novo. Decidi esquecer sapos e príncipes e me encantar com uma nova raça: o Homem com H. Aquele que ama se enrolar nos meus cabelos, dois dedos ou três palmos mais curtos. Que me pega pela cintura e tem a sensibilidade de saber se preciso de um beijo na testa ou na boca. Que me acha linda, seja toda trabalhada na make + salto ou na camiseta de banda + cara lavada. E daí que ele não tira aquela bermuda e não faz a barba há semanas? Meu coração bate mais forte quando o vejo ali, pertinho de mim.

Disse o poeta, “quem é de verdade sabe quem é de mentira”. E, de mentira, já basta o Pinóquio – primo de primeiro grau dos saponildos de plantão. Não me leve a mal. É como as pessoas dizem quando não estão mais a fim: não é você, sou eu.
Atenciosamente,
Plebeia
Ps: ainda suspiro horrores vendo A Bela e a Fera. Certos hábitos são difíceis de largar.

Muito lindinho *-*

quarta-feira, 12 de junho de 2013

*♥* 731 dias com ele *♥*


Hoje é um dia muito especial. Não por ser dia dos namorados (uma data criada pra marketing), mas hoje a gente comemora 731 dias juntos, um tempo enorme pra mim e pra você.

Fiquei pensando em algumas palavras pra poder escrever hoje, mas não sei bem como começar visto que já foram tantas coisas escritas, histórias inventadas, que chega um momento em que tudo que você tenta escrever parece ultrapassado, mas eu queria escrever algo, até porque hoje a gente não pode estar juntos, relacionamentos a distância tem esse empecilho, eu não posso acordar mais cedo, e fazer um café da manha com pão de queijo e chocolate quente, um cartão lindo, um abraço forte e um beijo gostoso pra dizer o quanto você é especial pra mim e o quanto é legal ter alguém assim ao meu lado, então só me resta escrever, pois é a minha maneira de te homenagear nesse dia tão especial.
Relacionamentos nunca são fáceis. Se relacionar com outra pessoa significa abrir mão de algumas convicções suas em prol de outro alguém, de enxergar a realidade de uma maneira menos egocêntrica e admitir que existem outras maneiras de ver o mundo além da sua própria, e é por isso que muitos poetas dizem que o amor nos torna mais humildes.
Relacionamento é deixar um pouquinho de si ir embora em quanto um tantão do outro começa a preencher o nosso coração.
Todo relacionamento envolve sacrifícios, deixar de ir a um show tão esperado porque o namorado não tem grana e você não tem pra pagar o seu ingresso e o dele, deixar de ir ao casamento de uma amiga de infância porque a namorada tem um compromisso no mesmo dia, deixar de comprar aquele livro que você tanto quer pra fazer uma viagem a mais por mês pra vê-lo, e assim vai indo, pequenos sacrifícios se acumulando com o tempo, e com o tempo o fardo vai ficando mais pesado e só os mais fortes resistem, não porque são mais fortes na verdade, mas porque o fardo acaba se tornando um só, e duas pessoas compartilhando um mesmo fardo torna suas forças maiores e o fardo menor.
Nesse ponto você que não é o meu namorado e está lendo esse texto pode me dizer que cada um pode fazer coisas separadas, vocês não precisariam abrir mão de algo, mas aí eu explico que na verdade a gente ia abrir mão de algo muito mais carecido por nós dois, o nosso tempo juntos. Eu poderia ir a um show sozinha, é claro, mas quando a banda tocasse aquela música que me lembra ele em quem eu ia encostar a cabeça no ombro e deixar me levar? Com quem eu ia compartilhar aquele momento único? Convenhamos...a presença do outro em nossa vida se torna mais importante do que algumas coisas superficiais.
Outro dia li um texto por aí dizendo que o problema do casal é quando um tenta fazer o outro feliz, pois ninguém tem obrigação de fazer uma pessoa feliz a não ser ela mesma. Ok, concordo que a gente tem que ser feliz por conta própria, mas a pessoa que escreveu uma OBRIGAÇÃO de fazer o outro feliz não entende nada de relacionamentos. Fazer o outro feliz não é uma obrigação, é uma vontade. Eu nunca me esqueço Bo, daquele sorriso seu comendo uma maça do amor em uma festa junina que a gente foi, eu nunca esqueço de nenhuma das gargalhadas com alguma piada ridícula minha, ou do seu sorriso quando vê as minhas surpresas. Eu não me esqueci do seu sorriso quando chegou em casa e viu que eu tinha feito faxina e comida. Nenhuma dessas coisas eu fiz por obrigação, mas pra vê-lo sorrir (Bo, você tem o sorriso mais lindo do mundo, e eu acho que você deveria sorrir sempre). As pessoas hoje acabam excluindo a palavra amor e baseiam seus relacionamentos em estatísticas, jeitos de fazer as coisas, dicas em blog, dicas em revistas, dica da vizinha...pôxa e o amor? Em dois anos de namoro a melhor coisa do mundo foi receber o seu colo, seu carinho, seu pezinho com pezinho assistindo filme nos dias chuvosos, fazendo gordice comigo, me levando ao cinema pra assistir aquele filme que eu tanto queria, cuidando de mim quando fiquei doente, se matando em cada show pra ir comigo ficar na frente, nesses 731 dias, não teve nada melhor do que te dar colo, fazer carinho enquanto você dormia, olhar nos seus olhos e dizer que te amava, dar aquele abraço apertado de quem fica sem se ver durante duas longas semanas. Não tem coisa melhor no mundo do que fazer feliz quem a gente ama, do que ser amigo de quem se ama, e você Bo, é o meu melhor amigo e eu quero sempre que a gente se faça muito feliz.
Que a gente brigue infinitas vezes, afinal somos muito diferentes, poderia dizer que a gente é como nutella e bolacha salgada, nutella em si é muito bom e eu amo bolacha salgada, pra mim é a mistura perfeita, juntos a gente simplesmente se completa, e eu não preciso deixar de ser doce e você não precisa deixar de ser salgado pra que isso aconteça, que a gente sempre respeite e aceite as nossas diferenças, e que nossas reconciliações sejam sempre gostosas (como nutella na bolacha salgada *-*). Que essas brigas nunca nos impeça de ter confiança, de poder andar de olhos vendados por saber que os olhos do outro nos guiará sempre, e caso você caia haverá uma mão pra te levantar com a maior rapidez.
Que a gente nunca perca a mania de dormir grudadinhos, dormir colados, conectados, sentindo o aconchego do calor um do outro porque não tem nada melhor no mundo do que acordar dentro de um abraço e não acreditar em quanta felicidade o destino te reservou, não por uma noite, por um mês, mas já por dois anos.
Que a gente nunca se esqueça de que amor não são só declarações todas as manhas, fotos bonitas, e um conto de fadas na realidade, que amor é vestir a camisa, tomar uma dose de paciência todos os dias e ir em frente, nunca vai ser fácil, muitas vezes a gente pensa em desistir, mas o sentimento tem que ser maior do que tudo isso, a vontade de ficar juntos tem que prevalecer sempre.
Enfim, tem sido incrivelmente bom caminhar ao seu lado, mesmo eu sendo frigideira você aceitou ser aquela tampa que a gente encontra na gaveta e, SURPRESA, ela cabe perfeitamente.
Que você continue sendo meu companheiro de viagem, que a gente consiga juntos achar a saída do labirinto ou fique nele curtindo cada canto que a gente queira, porque a vida é incrível de qualquer jeito, mas se torna muito melhor quando a gente tem uma companhia pra dividir todas as aventuras.
Com você a palavra “parceiro” faz mais sentido, os meus olhos brilham mais forte, eu sorrio mais fácil, o mundo fica mais colorido, o coração não pega friagem, o pé fica quentinho, as borboletas se tornam amigas de dragões e a fantasia em alguns momentos se torna realidade.
Vem comigo por mais dois, dez, vinte anos, porque com você o caminho brilha mais, que a gente ignore o prazo de validade estipulado pelos pessimistas e que você seja sempre o dente de leão no jardim do meu coração, me dando esperanças de que não importa a situação que a gente esteja sempre vamos conseguir sair dela.

Feliz dia dos Namorados!
Feliz Dois anos de Namoro!
Feliz Dois anos de Bo!

Te amo ♥

** Serendipity **



sábado, 8 de junho de 2013

O que você vai fazer para sair deste labirinto de sofrimento? *


Depois de tudo ainda me pergunto se “rápido e diretamente” é a maneira mais eficiente de se deixar o labirinto, depois de tudo eu ainda me pergunto se eu quero sair do labirinto, se o fim dele não significa a minha morte, e se significa a minha morte, o sofrimento acaba apenas quando ela chega?
Será que o labirinto significa deixar pra trás as coisas já feitas e tentar achar a saída mais próxima, da maneira mais eficiente, mas novamente, se o fim significa a morte, a saída diz que o jogo acabou?
Temos que conviver com cada caminho traçado, com cada tentativa frustrada, com cada curva sem saída que passamos, recomeçar quantas vezes for preciso com um único objetivo: a liberdade do sofrimento, mas que liberdade?
Durante muito tempo fingi que o labirinto não existia. Você procura construir algo aconchegante em alguma parte do caminho, fica por lá, chamando aquele lugar de lar, é o seu aconchego, seu porto seguro, mas um dia tudo aquilo que a gente constrói pelo caminho desmorona, lento e demoradamente, mas desmorona, uma hora ou outra não haverá mais lar para voltar, as pessoas que você ama um dia vão achar a saída, e sobrará apenas você ali perdido, você pode acreditar que elas estão em um lugar melhor olhando pra você e te guiando, “às vezes, ainda acho que a outra vida é algo que inventamos para apaziguar a dor da perda, para tornar nosso tempo no labirinto suportável”, mas a realidade é que no fim só sobra você.
Ao mesmo tempo em que procuramos a saída nos machucamos. Inúmeras vezes caímos, erramos, mas jamais seremos irremediavelmente feridos, pois no fim de tudo a matéria se recicla, no fim tudo recomeça e recomeça e recomeça, não nascemos, não morremos, apenas mudamos.
Quando François Rabelais saiu do labirinto, ele apenas disse: Saio em busca de um Grande Talvez. Se assim for, todos nós procuramos o nosso Grande Talvez, a nossa saída do labirinto de sofrimento, a nossa tão sonhada liberdade.

“Nasci no labirinto de Bolívar, então devo acreditar na esperança de Rabelais por um Grande Talvez.”


*O general no seu labirinto - Gabriel Garcia Márquez – É um romance histórico então não sei se é verdade, mas no livro, na hora de sua morte Simón Bolívar estremeceu diante da revelação de que a corrida arrojada entre seus males e seus sonhos estava chegando ao fim. O resto eram trevas. 'Droga', ele suspirou. 'Como sairei deste labirinto?'
P.S – Esse texto foi escrito depois deu ter terminado o livro “Quem é você Alasca?” do John Green, então, não sei se vocês entenderão sem lê-lo.