“A vida, Senhor Visconde, é um pisca-pisca.
A gente nasce, isto é, começa a piscar.
Quem para de piscar, chegou ao fim, morreu.
Piscar é abrir e fechar os olhos – viver é isso.
É um dorme-e-acorda, dorme-e-acorda, até que dorme e não acorda mais. A vida das gentes neste mundo, senhor sabugo, é isso.
Um rosário de piscadas.
Cada pisco é um dia.
Pisca e mama.
Pisca e anda.
Pisca e brinca.
Pisca e estuda.
Pisca e ama.
Pisca e cria filhos.
Pisca e geme os reumatismos.
Por fim, pisca pela última vez e morre.
- E depois que morre? – perguntou o Visconde.
- Depois que morre, vira hipótese. É ou não é?”
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