segunda-feira, 6 de julho de 2015


Hei, quietinho, por favor, não se mecha.
Não saí do aconchego,
Está escuro lá fora
Está frio lá fora.
Fica aqui, em silêncio.
Volta a dormir.
É teu berço florido na minha imaginação
Tua respiração calma
Teu coraçãozinho batendo
Tuas mãozinhas pequenas que me fazem seguir em frente.
Hei pequenino fica aí.
Dentro de mim
O mundo aqui fora é sombrio
Dá medo...está perdido.
Aí dentro eu posso cuidar de você pra sempre.
Te proteger.
Te sentir
Te amar.
Você e eu somos um de alguma maneira mágica e misteriosa.
Hei meu amor eu nem sei teu nome
Nem sei como você é
Mas eu já te amo.
Te chamo de meu
Te encho de poesias
Te conto: “"Numa toca no chão vivia um hobbit...."

E você vai amar o Bilbo
Vai sonhar com dragões e princesas
E cavaleiros numa terra distante.
Mas querido eu te conto coisas mágicas
O Mundo de verdade é cruel
Por isso fica aí
Quietinho
Não se mecha
Fica aí dentro de mim
Porque eu já te amo tanto
Eu já vivo por você
E não quero e não posso
Te trazer pra isso aqui
Não posso fazer você ver as injustiças
A violência
A miséria do mundo
Não posso me perdoa.
Eu te amo
Mas não posso
Não quero ver seu rostinho com lágrimas
Não quero ver a vida te maltratar
Não quero ver você sofrer pelos bichos
Pela natureza
Pela mãe terra.
Por isso fica aí.
Hei meu amor, fica aí dentro pra sempre
Fica aí, junto de mim

domingo, 1 de março de 2015

Lullaby



Existe uma canção de ninar que nunca mais foi cantada, ela paira sobre a minha mente e em algumas noites ela entra em meus sonhos.
Uma canção que há tempos atrás era sempre repetida, quando nos despedimos ela invadiu nossos corações em lágrimas.
Uma canção que me acompanha e sempre que me sinto só a canto em minha alma.
Em noites frias, quando fecho meus olhos posso enxergar seu cabelo negro, seu violão, sentado em uma praça qualquer dedilhando a canção.
Acordo com a sensação de estar tão próxima e ao mesmo tempo tão distante.
Algumas coisas mudam para sempre, outras para sempre ficarão como lembranças, como uma canção de ninar que jamais foi repetida e jamais será.
Em voz alta ela silencia, dentro de mim ela pulsará, imortal.


“I never stayed anywhere
I'm the wind in the trees
Would you wait for me forever?”

domingo, 22 de fevereiro de 2015

Vinte e Seis


E ela que tinha tanto medo da solidão, encontrou nela seu maior abrigo.
E ela que tinha tanto medo de sentir frio, resolveu que o calor já não lhe satisfazia mais,
Brincar de primavera ficou maçante e o inverno se tornou mais belo a seu olhar.
E ela que sempre gostou de cor de rosa, acinzentou o mundo pra que nada mais a machucasse.
E ela que sempre gostou de poesia, deixou os versos de lado pra decorar formas, padrões sistemáticas de uma felicidade.
E ela que sempre sonhou em ser diferente, moldou seus padrões e se igualou ao mundo.
E hoje Wonderland ficou para trás.
O coelho branco passou rápido demais e ela não conseguiu acompanhar.
O chapeleiro já não faz mais seu chá,
Os caminhos se tornaram tortuosos de se seguir.
Ela acorda todos os dias, suspira, mais um...
Ela abraça, ela beija, ela transa...
Ela bebe, ela fuma, se embriaga nas palavras das pessoas ao redor.
Ela viaja, conhece o mundo,
Ela aprende línguas, ela ganha dinheiro,
Ela vê filmes, entra na briga pelas mulheres, pelas crianças, mas não por ela, não se importa mais.
Ela lê, mas não sonha.
A caixinha de música parou de tocar.
Fios brancos começaram a ser trançados pelas suas mãos que agora carrega ouro e não mais prata.
Ela envelheceu, ficou mais bela, porém dentro dela é a fera quem reside.
A noite dominou seus olhos.
E mais um ano se encerrou hoje.
Mais velha, mais fria, mais calada, mais ela.