"Sabíamos que o fim estava próximo, por
isso pusemos tudo num poema, para contar ao universo quem éramos, por que
estávamos aqui e o que dizíamos, fazíamos, pensávamos, sonhávamos, desejávamos,
embrulhamos nossos sonhos em palavras e moldamos as palavras para que vivêssemos
para sempre, inesquecíveis.
Depois enviamos o poema como um padrão
de fluxo, para aguardar no coração de uma estrela, emitindo sua mensagem em
pulsos, erupções e chiados por todo o espectro eletromagnético. Até que, em
mundos a mil sistemas solares dali, o padrão fosse decodificado e lido e se
tornasse um poema de novo.
É impossível ouvir um poema sem que
ele mude você. Eles o ouviram, e o poema os colonizou, tomou posse deles e os
habitou. Os ritmos do poema passaram a fazer parte do modo de pensar deles.
Suas imagens transformaram para sempre as metáforas deles. Seus versos, seu
modo de ver, suas aspirações se tornaram a vida deles. Depois de uma geração,
as crianças já nasciam sabendo o poema, e logo, porque essas coisas são assim,
já não nasciam mais crianças. Não havia necessidade delas, não mais. Só havia
um poema feito de carne que andava e proliferava por toda a vastidão do
conhecido.”
Como conversar com garotas em
festas – Neil Gaiman
Que 2013 seja um ano
em que o poema recitado fale de paz, fale de compreensão e solidariedade, que
seja um ano doce e milagroso.
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