quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011


A dor dela era tão confusa que não adiantava tentar explicar. Suas grandes emoções se mostravam em palavras pequenas. Ela tinha medo de tudo dar errado, tinha medo de o mundo separar o que o destino fingiou ser certo, tinha medo de pela quantidade de medo que ela sentia, ele simplesmente não achar que valesse mais à pena.
O grande problema dela é que insistia em buscar a graça da vida em tudo. E tudo o que ela tinha vivido antes, embora parecesse tão fácil, com certeza não a fez sorrir. E ela sabia que iria chorar mais, que iria chorar muito mais. Ela sabia que talvez não estivesse perto, que ainda não estivesse exatamente ao alcance de um abraço ou à facilidade de um beijo que explica tudo. Ela sabia que podia ter feito a escolha mais fácil e se poupado de tantas noites sem dormir com o peso do mundo inteiro separando ela do seu travesseiro .
Escolher entre a paz e o amor é a decisão mais importante de uma vida, mas pensando bem, que espécie de paz seria essa sem as mãos dele na nuca dela, os pés esquentando uns aos outros, as guerras de ciúme que acabavam quentes e úmidas e sem nenhuma tropa inimiga por perto? O que seria da vida dela se não um marasmo não fosse a vida dele? E embora fosse difícil e doesse mais alto do que ela pudesse gritar, ela sabia que aquilo que eles tinham não se encontrava num bar, num restaurante ou nas piadas cheirando à cerveja e sacanagem que saíam da boca de qualquer outra pessoa por aí. O que eles tinham tinha a força de uma saudade até quando eles estavam juntos e, isso, risada nenhuma podia pagar. Rir só era tão pouco...
Talvez então, pensou, não valesse tanto a pena querer buscar só a risada. Lembrou então - fechando os olhos cansados de olhar em volta - que quando ela pensava nele não dava tempo de achar graça, não dava tempo de questionar mais e nem de pensar que era infeliz. Pensar nele era tanto sorriso. E aí ela finalmente então entendeu o que o mundo todo queria dizer quando explicou que sem a guerra não há a paz...

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