segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Uma preciosa história de Novo Ano



Vou falar no meu segundo post do ano sobre um filme que realmente deu um tapa na minha cara e que deveria ser o primeiro filme a ser assistido por todas as pessoas no inicio do ano.
O filme Preciosa - uma história de esperança, gira em torno de uma personagem, Clairecee Precious Jones, uma adolescente negra, obesa, com um casaco preto, calça jeans,caminhando e às suas costas se desenham asas de borboleta simbolizando sua busca de uma outra vida e da sua libertação das privações.
Este filme é “duro”, foi a única expressão como resposta/silêncio que pude dar quando no dia 01 de janeiro com o rosto banhado de lagrimas eu e meu noivo terminamos de assistir. “E agente ainda reclama tanto da nossa vida”.
Este filme é estrelado pela não-atriz profissional Gaborey Sibide. Guardem esse nome pois ela já foi indicada para o Globo de Ouro. Ela e sua mãe, nesse filme realista, e de roteiro baseado na vida dentro do negro Harlem de 1987, surpreendem por sua mútua dramaticidade. E querem um conselho, quando assistirem jamais se esquecerão dele.
Mas o que mais surpreende nesse filme é como mundo de Clarecee Precious (Gaborey Sibide) é rude, e as cenas vão nos levando progressivamente a refletir sobre outra forma de aspereza, as seguidas agressões e violentações a que a personagem é submetida refletem uma realidade que tentamos afastar de nossos mundos e vidas. No mundo de Preciosa não há, para além de seus sonhos, fantasias e imaginário, muita compreensão. No seu mundo sobra incesto, abuso físico ou sexual, zombaria do corpo diferente, dor, privação cultural, analfabetismo, preconceito, e exclusão. Há nesse mundo uma presença importante, tocante para mim, a presença da Síndrome de Down, e mais ainda o já naturalizado preconceito sobre esta condição e diversidade humana.
A primeira filha de Preciosa é denominada de Monga, que ela própria diz, na sua vida dura e nua, ser o diminutivo de mongolóide. Esta criança como um fruto de incesto e disputa com a figura materna, pelo pai violentador, se torna apenas um trunfo para receberem dinheiro da pensão da Assistência Social.
Enfim, para superar o espetáculo da crua e nua vida de Preciosa, o que ela trouxe pra mim no primeiro dia do ano, foi que nos resta sonhar e lutar como ela, pois esta preciosa história é para além de dura, indispensável para percebermos que por mais que sua dor e sofrimento sejam intenso- ESCREVA, ESCREVA... escrever é preciso, viver e sobreviver é mais preciso ainda, pois esse filme é para todas as Preciosas que existem no mundo, um filme triste mas que nos traz a tona a realidade do mundo. Provando que por mais que digamos como ela que não existe amor, pois o amor nunca me trouxe nada, ela soube ver que o amor ainda existe e que podemos com força e garra vencer os obstáculos e as dores desse mundo muitas vezes cruel.

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