Era uma vez um dragão...
Não, não...muito clichê para o começo!
Era uma vez um João...hum...ainda não é o que eu quero...
Ok. Vou pular a parte do “Era uma vez”.
Alguém aqui já viu um dragão? Eu já. Vi, ouvi e convivo com um todos os dias. São charmosos e mal humorados por natureza. Seres místicos, tão especiais e tão sem paciência.
Pois bem, eu tenho um dragão. Algumas pessoas têm príncipes, outras têm namorados, maridos, noivos, rolos, affairs, e etc...eu tenho um dragão!
E como é difícil conviver com um dragão. São geniosos, difíceis de lidar, impulsivos por natureza...vivem na escuridão, dificilmente convivem em harmonia com outros seres, são mais fechados, enclausurados em seus próprios pensamentos e saberes, e sabe muito meu dragão. Mas aqui vai uma curiosidade sobre sua natureza, quando se apegam a uma pessoa são capazes de tudo por ela.
É...sei como é...eu tenho um ao meu lado o tempo todo! Seja na saída pro trabalho ou na volta, quando passeio pela rua, ou quando levo o lixo, em todas as ocasiões eu sinto o hálito de hortelã do meu dragão.
A gente cresce com a ideia de príncipe encantado na cabeça, o Ken da Barbie, o Jack da Sally. Procuramos sempre algo que nos “completa”, algo que nos salva de nós mesmos em algum momento em que não se acredita em mais nada. Tem gente que vai me dizer que as pessoas deveriam ser autossuficientes e não depender de outro que a complete, e eu vou dizer a essas pessoas que ninguém pode ser feliz sozinho, e se ela ainda não descobriu isso, mais cedo ou mais tarde vai, seja um amigo, um cachorro, ou...ou...ou...um dragão.
E eu o encontrei, num desses lugares visitáveis de vez em quando, debaixo de chuva. Eu o avistei, todo molhado com um olhar de poucos amigos. Cara fechada, semblante estranho, lá estava ele. Eu olhei, ele olhou, e abaixou os olhos. “Esse é o meu dragão” pensei. E sorri. E ele sorriu.
Deve ter pensado consigo mesmo: O que uma borboleta faz aqui...bom, eu ainda estou tentando descobrir o que eu fazia lá, mas eu estava e ponto. Contei uma piada, ele riu de novo, e assim foi, assim termina a saga do meu dragão...pelo menos por enquanto.
No outro dia o dragão se aproxima de novo, meio sem jeito, meio com vergonha...maneira estranha de um dragão se comportar mas vá lá...e por incrível que pareça, contrariando todas as leis da convivência ruim de seres de espécies diferentes, nos demos muito bem. Um dragão negro cromático mal humorado e uma borboleta rosa sorridente...mas é assim que as coisas funcionam, não tem o que explicar, não tem como entender, você só tem que acreditar. E fomos muito felizes.
Fim...
Fim???!!!!
Não, não, não...nada de fim e nada de feliz para sempre. Nós brigamos muito, nos estranhamos o tempo todo, o dragão solta fogo capaz de incendiar uma cidade inteira de tanta irritação e tem tanta fúria que lança celulares pela parede, e a borboleta bem, ela fica nervosa de vez em quando, e saí gritando que ele precisa tomar banho, que ele não pode sufoca-la assim e por aí vai. Xingamos, choramos, reclamamos, discutimos sobre coisas imbecis como a profundidade do rio da China ou a distância da Lua com a Terra, se os Marcianos existem e se Deus tem barba e cabelo. O dragão negro anda ficando sem escamas e a borboleta tem perdido sua cor rosa, mas sabe o que os torna únicos e especiais? O poder de se reestruturarem rapidamente. Curam suas feridas com abraços, beijos, carinhos, conversas demoradas com pedidos de desculpas. Nos tempos difíceis em meio as cinzas o dragão carrega a borboleta em seus ombros para protege-la, em tempos de primavera a borboleta tece coroa de flores e busca guloseimas entre as flores para adoçar a vida do dragão, poderia dizer que eles se amam, mas acho que vai mais além, não dá pra explicar, não dá pra entender...você só tem que acreditar.
Quando a borboleta acha que está perdendo suas asas e não tem mais força para continuar, o Dragão, que antes era mal humorado, faz piadas, sorri, faz graça, a coloca no colo e canta velhas canções e histórias sobre o Mundo Antigo, quando o dragão está cansado a Borboleta faz carinho em suas escamas, coloca sua cabeça pesada no colo, conta histórias sobre o reino das Fadas, e traz paz aos seus dias.
E assim nós vamos vivendo, como um Dragão e uma Borboleta...um casal meio diferente, meio sorridente e mal humorado, meio “os opostos que se atraíram”, vivendo, sem finais felizes cindarelescos mas sem dramalhões mexicanos, colorindo a escuridão um do outro, vivendo como eu diria, um dia de cada vez com a pressa de tudo acontecer num piscar de olhos. E como já dizia aquela velha canção:
Serendipity
P.S: Esse texto foi à maneira que achei pra te agradecer por tudo ontem. Por tudo que você faz por mim. É incrível ver um pessimista por natureza fazer uma otimista por natureza sorrir em meio às nuvens escuras do dia. Eu não funciono muito bem em dias escuros né? E você, que sempre gostou de escuridão e tristeza me fez ver a beleza de um novo dia que ressurge e me fez ver o lado bom das coisas. Justo você...
Obrigada, por ao contrário do que eu esperava, ser o meu ponto de claridade em meio a escuridão...
Te amo muito ♥
E sobre a música do casamento, olha só qual vai ser *-*